Setor primário espera por ampliação-surpresa no aporte de R$ 65 bilhões para a agricultura comercial O presidente Lula anuncia, hoje, em Curitiba (PR), como serão ofertados os R$ 65 bilhões previstos para o Plano Safra 2008/2009 da agricultura comercial. Com o aporte – R$ 7 bilhões maior do que o de 2007/2008 –, o governo espera elevar em 5% a produção de alimentos e, com isso, garantir que a inflação fique na meta de 4,5% em 2009. Se a estratégia der certo, o Brasil colherá 150,4 milhões de toneladas. A grande inovação no plano deste ano é o apoio unânime que o tema ganhou no governo. Além do empenho do próprio presidente Lula, o aporte aos agricultores passou sem oposição do Ministério da Fazenda e busca a ampliação da produção de excedentes exportáveis para reforçar o saldo comercial do país. Entre as medidas a serem anunciadas hoje, está o aumento nos estoques públicos de grãos de 1,5 milhão de toneladas para 6 milhões de t, um incremento de 300%. O novo plano deve contemplar a correção dos preços mínimos ao produtor, principalmente de arroz, feijão, milho e trigo. No RS, o clima é de expectativa. O presidente da Farsul, Carlos Sperotto, espera que a demora no anúncio dos recursos represente uma 'surpresa favorável'. Ele refere-se à necessidade de ampliação nos recursos, que, segundo a CNA, deveriam atingir R$ 110 bilhões. 'Seria importante termos mais recursos, não só para o fornecimento dos brasileiros, mas também, neste momento favorável, para aumentarmos as reservas mundiais', avalia. O presidente da Federarroz, Renato Rocha, acredita que o aporte terá impacto na produção nacional, mas alerta que o importante é que o crédito não fique apenas na promessa, travado pela burocracia. 'Se não ficar no papel, se for repassado aos produtores, vai ser bom', afirmou. O secretário da Agricultura, João Carlos Machado, estará em Curitiba para acompanhar o anúncio. 'É preciso dar condições ao agricultor de aumentar a produção, inclusive com valores mais altos para suprir os reajustes dos insumos', justificou. O esforço para elevar a safra ainda deve contar com a agricultura familiar. O pacote para o setor, que será detalhado amanhã, em Brasília, terá R$ 13 bilhões, R$ 1 bilhão a mais do que em 2007/2008. O primeiro vice-presidente da Fetag, Sérgio de Miranda, comentou que o volume está de acordo com o acertado no Grito da Terra. 'Pode haver necessidade de volume maior de financiamento. No Grito, o presidente Lula disse que, se o dinheiro for pouco, encontrará uma forma de complementar.' Miranda destacou que as exigências bancárias dificultam o acesso à verba. Em 2007/2008, sobraram R$ 2 bilhões sem utilização.