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Governo retoma a política de estoque de alimentos
Data: 07/07/2008
 
Apesar dos conselhos para aumentar o superávit primário e restringir ainda mais o crédito, o presidente Lula avalia que, por enquanto, não é necessário aprofundar medidas nessa área. Mesmo assim, determinou a sua equipe que elabore outras propostas para conter a inflação -entre elas, uma política de estoque de alimentos.O governo espera gastar de R$ 4 bilhões a R$ 5 bilhões para elevar os estoques de arroz, feijão, milho e trigo para 6 milhões de toneladas. O valor varia porque o governo ainda não sabe por quanto tempo comprará os produtos. Hoje, os estoques desses alimentos estão em 1,59 milhão de toneladas.O ministro Guido Mantega (Fazenda) disse à Folha que o governo decidiu refazer sua política de estoques reguladores diante da nova conjuntura mundial, de demanda crescente e preços em alta."O mundo inteiro deixou de ter estoques. Estamos com os mais baixos estoques mundiais de trigo e milho", afirmou, acrescentando que hoje o governo só tem um estoque recente regulador de arroz.Segundo Mantega, o ideal é que tanto o governo como o setor privado busquem formar estoques de alimentos para evitar grandes oscilações de preços e perdas para os produtores rurais caso sua cultura apresente um momento de desestímulo nos preços.A Folha apurou que a iniciativa também visa reduzir as especulações em negociações de contratos futuros. Isso porque a maioria dos investidores utiliza os baixos estoques para puxar as cotações para cima.Esse aumento possui dois reflexos imediatos. Por um lado, estimula a plantação de algumas culturas, mas, por outro, torna o mercado volátil e dificulta ações do governo, porque há reajustes de preços para o consumidor, provocando impacto nos índices de inflação.Por determinação de Lula, as medidas estão sendo estudadas pela equipe do ministro Reinhold Stephanes (Agricultura). Elas serão implementadas pela Conab neste e no próximo mês e, depois de fevereiro de 2009, por conta de previsões de colheita.Quanto às propostas de elevar ainda mais o superávit primário e segurar o crédito, sugeridas por economistas de fora do governo, Mantega disse que, por enquanto, não há motivos para aprofundá-las. Segundo ele, essa é a posição do presidente sobre o assunto no momento, o que "não significa que estamos parados".Ele lembrou que as medidas já adotadas -como o aumento do superávit de 3,8% para 4,3% do PIB- "não fazem efeito imediato". Destacou, contudo, que já começam a surtir efeito, porque "a inflação e a demanda já diminuíram um pouco".O ministro da Fazenda afirmou ainda que a ordem de Lula é para "usar do remédio na sua dose adequada, para curar o paciente, e não matá-lo". Acrescentou que o "momento requer habilidade do gestor econômico para agir na medida certa".Lula teme exagerar na dose das medidas e derrubar o crescimento da economia no próximo ano, como ocorreu entre 2004 e 2005. A expectativa do presidente é que o país registre crescimento de 4,5% a 5% neste ano e, no próximo, atinja a casa de 4,5%.

Fonte: Folha de SP

 
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