A valorização dos preços dos principais grãos produzidos no Brasil elevou o valor da produção brasileira de cereais, leguminosas e oleaginosas em 36,5% em 2007 em relação ao ano anterior, o que significa um aporte de quase R$ 15 bilhões de um ano para o outro. Pesquisa do Instituto Brasileira de Geografia e Estatística (IBGE) divulgada ontem revelou também que o milho, impulsionado pelo aumento da produção do etanol nos Estados Unidos, foi o destaque de expansão da safra no ano passado. A soja e o milho responderam por 82% da safra agrícola total do Brasil no ano passado, que atingiu o recorde de 133,3 milhões de toneladas. Essa projeção revisada é 200 mil toneladas superior ao resultado divulgado no início do ano. O milho foi o grande destaque em termos de crescimento, com expansão de 22% sobre o ano anterior. Apesar do aumento observado em 2007, o valor da safra ficou em R$ 59 bilhões, não alcançou o registrado em 2003 (R$ 58 bilhões) e 2004 (R$ 63,4 bilhões). Técnicos do IBGE constataram que houve perda de área plantada para a cana-de-açúcar. A soja, principal item agrícola nacional vendido ao exterior, teve produção recorde de 58 milhões de toneladas em 2007, superando em 10,6% a safra do ano anterior. Em Mato Grosso, principal celeiro do grão, foram colhidas 15,2 milhões de toneladas - 26,3% do total plantado no Brasil. O bom momento vivido pelo agronegócio no ano passado tem tudo para se manter em 2008. A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) prevê que o Produto Interno Bruto (PIB) do campo deverá crescer 11% neste ano, alcançando R$ 646,7 bilhões na comparação com o resultado de R$ 582,6 bilhões obtido no ano passado. Só nos quatro primeiros meses do ano, o total de riquezas produzidas pelo setor teve crescimento de 3,83%, resultado impulsionado, principalmente, pela alta dos preços dos insumos. Embora o ritmo de crescimento esteja mais acelerado do que em 2007, "a renda do produtor continua apertada", avaliou o superintendente técnico da CNA, Ricardo Cotta. PRAZO PARA PRODUTORES A votação da MP 432 ficou para agosto, mas o relator da matéria, o deputado Luis Carlos Heinze (PP-RS), anunciou ontem que os produtores endividados terão prazos estendidos em dois anos para quitar as dívidas de custeio. Aqueles que estão em Mato Grosso, Rio Grande do Sul e em municípios do Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul, que sofreram com a estiagem em 2005, ganharão quatro anos. O benefício deve atingir 539 mil agricultores que estão no vermelho, independentemente da aprovação da matéria. No caso das contas de investimentos, o prazo será de três anos - cinco anos para o grupo que sofreu com a seca.