Milho - Geadas causam prejuízo de R$ 110 mi para agricultores
Data:
28/07/2008
As perdas da segunda safra de milho, na região de Campo Mourão, alcançaram 302,9 mil toneladas, um prejuízo estimado em R$ 110 milhões aos produtores. Os dados constam no segundo levantamento realizado pelo Deral (Departamento de Economia Rural), da Secretaria da Agricultura, em decorrência das geadas nos dias 16, 17 e 18 de junho. Na região, a área total de plantio do milho safrinha é de 292,2 mil hectares, a produção inicial esperada era de 1,17 milhão de toneladas. Com a ocorrência das geadas o número caiu para 873,8 mil, uma perda de 25,74%. De acordo o engenheiro agrônomo do Deral, Edilson Souza e Silva, conforme o comportamento do clima esses números ainda tendem a sofrer alterações. “A ocorrência de chuvas, por exemplo, pode prejudicar ainda mais essas culturas elevando as perdas”, justifica. As geadas foram de intensidade moderada e forte nas regiões oeste, centro e sudoeste do Estado. As perdas mais significativas além da região de Campo Mourão, ocorreram também em: Cascavel (398,6 mil toneladas - 39,8%), Francisco Beltrão (37,5 mil toneladas - 17,2%), Maringá (159,0 mil toneladas - 220,3%) e Toledo (406 mil toneladas - 24,6%). Conforme Souza, essas regiões, somadas a de Campo Mourão são responsáveis por quase 70% da produção total no Paraná, que é de 1,6 milhão de hectares. O agrônomo lembra que a produção do milho safrinha neste ano era para ser uma das melhores. “As áreas estavam se desenvolvendo bem. Inicialmente a produção estimada era de 162 a 163 sacas por alqueire. Tinha tudo para ser uma produção recorde, uma das melhores safras de inverno para o milho. Com a geada este número caiu para 137 ou até menos, sem falar naqueles produtores que perderam quase tudo ou toda área plantada”, lamenta. No Paraná, a perdas alcançam 1,3 milhão de toneladas, cerca de 19,24% em relação à produção inicialmente esperada. De acordo com cálculos preliminares do Deral, a produção inicial estimada no Paraná era de 6,8 milhões de toneladas, agora está esperada em 5,5 milhões. Os prejuízos dos produtores podem chegar a R$ 492,2 milhões. Conforme levantamento do Deral, nas demais regiões do Estado (norte e noroeste) as geadas foram fracas e moderadas, sem registro de perdas significativas. Na região sul do Paraná, devido ao estágio final de ciclo das lavouras, a produção não foi afetada. Segundo o secretário da Agricultura, Valter Bianchini, apesar das perdas, o Estado ainda é o principal produtor de grãos do país, com previsão de colher mais de 30 milhões de toneladas nessa safra. Trigo - A cultura de trigo, com uma área prevista de 1,09 mil hectare, e produção estimada em 2,8 milhões de toneladas, conforme Souza, não foi afetada pelas geadas, isso em função da fase inicial das culturas, na sua maioria com desenvolvimento de plantas e perfilhamento. Já a triticale tem uma área estimada em 32.460 hectares e uma produção de 82.182 toneladas. As demais culturas como aveia, centeio, cevada, também não sofreram com o fenômeno que havia oito anos não ocorria no Paraná, com forte intensidade como o verificado na última semana. Para a cevada a estimativa é de que serão cultivados 39.260 hectares e uma produção esperada de 136.289 toneladas. Feijão da seca - Com uma área estimada inicialmente em 211.673 hectares, essa cultura também sofreu perdas, muito embora em menor intensidade devido ao estágio final do ciclo que se encontrava em maturação e com 92,7% da área já colhida. Foram registradas perdas totais em apenas 1,4% da área (2.925 hectares) nas regiões oeste, sudoeste e centro do Estado (Núcleos Regionais de Campo Mourão, Cascavel, Francisco Beltrão e Ivaiporã). A produção está estimada em 342.545 toneladas, que é 6,3% menor que a estimada inicialmente. Grãos de Verão - Para os grãos de verão (feijão 1 safra, milho 1 safra e soja) os números permanecem inalterados, ou seja, o Paraná deverá ter uma produção de cerca de 22,0 milhões de toneladas. Confirmados esses números, que somados às atuais estimativas das safras de feijão (2ª e 3ª), de milho (2ª) e grãos de inverno, o Paraná deverá confirmar sua posição de primeiro produtor nacional de grãos. Produtores lamentam prejuízos As geadas que caíram entre os dias 16, 17 e 18 desse mês, deixou para muitos produtores, além do prejuízo, a difícil tarefa de olhar e ter que se conformar com os estragos. Na região, muitas plantações vão servir apenas para cobertura da terra. É o caso do agricultor Getulio Ferrari Junior, que perdeu todos os investimentos nos 80 alqueires de milho plantados próximo a Usina Mourão. Ele estima um prejuízo calculado em mais de R$ 200 mil. Ferrari comenta que o que restou, vai servir apenas para cobertura da terra. “A única coisa que resta fazer agora é roçar o que sobrou para cobrir a terra. Do jeito que está não serve nem, para fazer silagem para gado”, lamenta. Este é o segundo ano consecutivo que o agricultor perde milho em decorrência das geadas. “No ano passado também tive perdas, no entanto foram menores. Este é um risco que estamos sujeitos, devemos saber disso. Mas não podemos desanimar, se este ano foi ruim ano que vem pode ser melhor”, prevê. Além da área plantada próximo a Usina, Ferrari comenta que plantou 180 alqueires de milho na região Peabiru, que também sofreu perdas, porém menores, já que a plantação estava num estágio mais avançado. “Mesmo assim a perda atingiu metade da produção. Se colher 100 sacas por alqueire ainda vai ser muita coisa”, explica. Na propriedade do agricultor Sérgio Luiz Panceri, a cena se repete: Uma lavoura inteira de milho queimada pela geada. Porém uma ressalva, as perdas não chegaram a ser total, pois a plantação estava num estágio avançado mesmo assim não o suficiente para evitar uma perda de cerca de 50% da produção. Segundo o administrador da fazenda, Wilson Willwoock, a geada foi tão intensa que nem mesmo o trigo escapou em algumas áreas. “A geada mais forte foi no dia 17, nesse dia a temperatura chegou a -0,7, o frio foi tão forte que nem mesmo o trigo e aveia escaparam”, explica. Willwoock acredita que a produção tenha tido uma queda de 50%. “Tinham áreas que o milho estava bem novo, nesse caso a perda foi total, em outras, onde o milho estava num estado mais avançado, não prejudicou tanto, mas a qualidade do grão cai bastante e se continuar chovendo vai prejudicar ainda mais”, explica. Conforme o administrador a produção inicial estava estimada em 200 sacas por alqueire, no entanto o número caiu para 80. Ele não pode informar o prejuízo em reais, mas assegura que o valor é alto. Willwoock frisa que em algumas áreas o milho vai servir apenas para cobertura da terra. “Não nem de silagem para o gado”, justifica. “Faz sete anos que trabalho aqui, fazia tempo que não via um frio tão forte, o último desse tipo que me lembro, foi em 2000, mas mesmo assim não causou tanto estrago como agora.”