Registro - Dia de altos e baixos nas bolsas de commodities
Data:
06/08/2008
Depois da queda generalizada nos preços das commodities na última segunda-feira, alguns produtos recuperaram as perdas ontem nas bolsas internacionais, mas a grande maioria ainda manteve o movimento descendente. A maior alta no dia foi para o açúcar (3,6%), enquanto a baixa mais significativa ocorreu no suco (3%). O analista Miguel Biegai Júnior, da Safras & Mercado, explica que o açúcar "se recuperou" porque vinha de movimentos de quedas grandes e porque a safra brasileira de cana está sendo bastante requisitada para a produção de etanol. "Com isso, diminui a oferta de açúcar no País e, desse modo, no mundo", diz o analista. Segundo ele, a previsão é que cerca de 60% da cana brasileira seja transformada em álcool. O contrato 11, com vencimento em março, encerrou o pregão, em Nova York, em 15,15 centavos de dólar a libra-peso. Assim como o açúcar, o café também foi influenciado ontem pelos fundamentos do mercado. O contrato com vencimento em setembro encerrou o pregão em Nova York a 140,20 centavos de dólar a libra-peso, variação de 2,4%. De acordo com Gil Barabach, da Safras & Mercado, o produtor "encontrou suporte nos fundamentos". Isso porque os dois principais produtores mundiais, Brasil e Colômbia, estão com problema de fluxo da oferta. No Brasil há atraso da colheita que, segundo ele, poderá se interpor com a florada. "Vai ter gente colhendo e , ao mesmo tempo, surgindo as primeiras flores, o que prejudica a próxima safra". Por outro lado, na Colômbia há greve dos caminhoneiros. Ele acrescenta que quando cai, a indústria compra, não permitindo que o preço tenha uma baixa tão significativa. Entre as baixas, a maior ocorreu no suco de laranja. Maurício Mendes, presidente da AgraFNP, destaca que o produto não está obedecendo o mesmo ritmo das outras commodities há algum tempo. De acordo com ele, a queda no preço continua porque o estoque americano está 65% mais alto em relação ao ano passado. Aliado a isso, consultorias divulgaram que o consumo naquele país está em queda. Mendes, que é membro do GCONCI (grupo de consultores em citros), lembra, no entanto, que agora é a temporada de furacões no Golfo do México e isso poderá influenciar nas cotações. "Mas ao contrário de 2004, quando o estoque era baixo e a produção também, agora pode dar picos de alta, mas acomodar de novo", conclui. O produto ficou em 101,50 centavos a libra-peso, para entrega em novembro. O contrato com vencimento em setembro para o milho encerrou a US$ 5,25 o bushel (-2%), enquanto o da soja a US$ 12,59 (-2,1%). De acordo com o analista Pedro Collussi, da AgraFNP, duas consultorias revisaram os números de produção dos Estados Unidos, o que impactou nos preços. A Informa - a qual a AgraFNP é ligada - estima uma colheita de milho de 313 milhões de toneladas contra as 297 milhões de toneladas esperadas pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda). "O clima em julho foi favorável e os dados das condições de lavoura indicam que estão melhorando. Atualmente 66% das lavouras estão em boas ou excelentes condições".