A preensão de carregamentos do arroz mutagênico Puitá contrabandeados da Argentina expôs a fragilidade no controle de cargas vegetais na fronteira brasileira. O presidente da Federarroz, Renato Rocha, acredita que a crise do 'arroz pirata' foi ocasionada pela falta de fiscalização, reivindicada há muito tempo pelos produtores para impedir a entrada de arroz de outros países do Mercosul. Segundo ele, além de questões sanitárias, o ingresso de cargas dessas regiões também oferece dano comercial, já que, muitas vezes, o custo é menor. 'O produtor não pode ser acusado de nada, não é ele que importa', disse. Entretanto, de acordo com o Ministério da Agricultura (Mapa), os arrozeiros gaúchos vinham comprando a variedade mesmo sem a autorização do ministério. 'O problema é que os produtores sempre ficam sabendo das novidades antes delas chegarem ao país', observou o fiscal federal Francisco da Gama. Rocha acrescentou que, neste ano, não deve haver acerto para uso do Clearfield. O deputado Jerônimo Goergen engrossou o coro na defesa por maior rigor na vigilância fronteiriça. Para ele, a ocorrência mostra que a lei 12.427 – de sua autoria e regulamentada em março deste ano – não está sendo observada. 'É preciso maior controle na entrada do produto e mais agilidade na aprovação das variedades', defendeu. O caso gerou apreensão entre produtores e lideranças e foi debatido por representantes da Farsul, Federarroz e Irga ontem à noite, na Capital. A maioria das autoridades adotou cautela ao comentar o teor da reunião. O presidente da Farsul, Carlos Sperotto, informou que a federação não foi notificada sobre o episódio. 'Não sabemos a dimensão da questão e aguardamos um contato do Mapa para nos posicionarmos', salientou. À tarde, o dirigente admitiu que esteve reunido com representantes da Basf para avaliar as novas perspectivas para o Clearfield. A multinacional foi procurada, mas não se manifestou sobre o caso.