Popularmente conhecido como El niño, o indício do aquecimento do oceano na região do Pacífico Equatorial registrado desde maio não deve causar problemas climáticos no Brasil significativos durante o plantio da safra de verão deste ano. No Brasil, o fenômeno é conhecido por causar chuvas abundantes na região Sul de maio até julho, aumento na temperatura durante o inverno no Sudeste e seca no Norte e Nordeste. Estudo feito pela Climasecurity, parceria entre Agrosecurity e Climatempo aponta que o fenômeno será de menor intensidade e deverá causar chuva de granizo entre setembro e outubro em algumas regiões do Sul do País. Mesmo assim, a expectativa é de que a produtividade seja uma das maiores dos últimos cinco anos. De acordo com a COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO (CONAB), a produtividade da última safra foi de três mil sacas por hectare, para uma produção recorde estimada em 143 milhões de toneladas. "Ao contrário do ano passado, a tendência é de que o clima seja favorável e o plantio ocorra no período programado", avalia Patrícia Madeira, meteorologista da Climatempo. No entanto, ela não descarta grandes perdas em alguns municípios do Paraná causadas pelas chuvas de granizo. Já em janeiro, a previsão é de tempo seco e nublado com muitos dias sem o sol aparecer. "Isso pode favorecer o aparecimento de fungos e outras doenças", alerta. Em fevereiro e março, a diminuição das chuvas deverá favorecer a colheita. Expedito Rebello, chefe de pesquisas aplicadas do Instituto Nacioal de Meteorologia (Inmet), acredita que o fenômeno deverá fazer estragos até o fim do ano. "O mês de agosto deverá ser o mais seco dos últimos anos em grande parte do Centro-Oeste pegando o sul do Maranhão, do Piauí e doPará", avalia. No Sul, as chuvas devem ser intensas até setembro. Em outubro, o clima melhora na região que pode alternar dias secos com pancadas de chuva. "Já o Nordeste vai permanecer com estiagem até o final do ano", disse. Já a Somarmeteorologia descarta a ocorrência do fenômeno até o final de abril. "Desde maio notamos uma oscilação de até 3ºC na temperatura do Pacífico próximo ao Peru. Mas é necessário um período de três trimestres com esse cenáiro para afirmar que o El niño está ocorrendo". A previsão da empresa é de que o clima permaneça normal durante todo o verão com pancadas de chuva típicas da estação. O El niño é conhecido pela sua ação devastadora gerada pelo clima seco nas regiões ao norte. Em 1983 e 1998 foram, os períodos que o fenômeno causou os maiores prejuízos. No último caso, ocorreu seca na Indonésia, México e América Central. Os incêndios consumiram cidades na Indonésia, Sumatra e Malásia. Inundações destruíram cidades inteiras no Peru. Na Mongólia as temperaturas atingiram 42º C e na europa central foram vitaimadas mais de 100 pessoas. Fernando Pimentel, diretor da Agrosecurity, afirma que mesmo com o atraso do ano passado algumas regiões do sudoeste goiano e sul do Mato Grosso tiveram um rendimento muito favorável. Ele explica que o clima é um fator determinante na decisão do produtor e move peças importantes como o mercado de sementes. "O produtor precisa aprender a tomar decisões antecipadas e não depois da situação se tornar crítica".