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Soja - Volatilidade atrasa comercialização da soja no Brasil
Data: 22/08/2008
 
A comercialização da safra de soja 2008/09 do Brasil está bastante atrasada em relação ao ano passado, devido à intensa volatilidade nos mercados futuros, o que leva as tradings a se retraírem nos momentos de pico de preços e, de outro lado, afasta os produtores do mercado nos momentos de baixas acentuadas, avaliou nesta quinta-feira a Agência Rural.
Segundo a consultoria, que divulgou a sua primeira estimativa de comercialização da próxima safra, até o dia 20 de agosto os produtores brasileiros tinham vendido 13% de uma produção estimada pela Agência Rural em 64,14 milhões de toneladas.
O percentual das vendas apurado até quarta-feira indica um atraso em relação ao ritmo de negócios registrados na mesma época do ano passado, quando o Brasil já havia comercializado 27% de sua safra de 59,84 milhões de toneladas.
"Agora o mercado voltou a subir, vamos ver se nos próximos dias a comercialização avança um pouquinho. Está muito atrasado, realmente assusta", declarou o analista da Agência Rural Fernando Muraro.
A soja chegou a atingir o limite de alta de 70 centavos nesta quinta-feira.
"O drama é que quando está muito alto a trading não compra, quando está muito baixo o produtor não vende", acrescentou o consultor.
Produtores tradicionalmente vendem parte de sua produção antes mesmo do início do plantio, para levantar recursos para os trabalhos no campo.
A semeadura deve começar em meados de setembro nos Estados do Centro-Oeste.
Com um volume maior vendido antecipadamente, produtores têm maiores condições de ampliar a área plantada e de investir na aplicação de insumos.
Mas a expectativa é que o nervosismo climático em relação à safra dos EUA, o chamado "weather market", continue pelos próximos 30 dias, até uma definição mais clara das produtividades que poderão ser atingidas nas lavouras de soja e milho americanas.
Segundo Muraro, o mercado deve "achar um meio termo" nos preços nos próximos 30 dias para avançar na comercialização, após o mercado climático nos EUA.
"Isso (o mercado climático) deve durar mais 30 dias pode ser tarde para estimular o plantio no Brasil", ponderou.
Muraro explicou que os produtores, especialmente do Centro-Oeste, têm reduzido interesse em comercializar quando os preços caem porque o custo de produção, com a forte alta dos fertilizantes, subiu muito.
De acordo com a Agência Rural, quando o mercado se aproximou no início de agosto de 12 dólares por bushel em Chicago - após atingir um recorde superior a 16 dólares no início de julho -, a lucratividade ficou negativa em Mato Grosso.
"Estamos falando em Mato Grosso de um custo de US$ 850, US$ 900 por hectare tem gente que não está dormindo à noite", afirmou ele, destacando que "o mais estressante de tudo isso é o Cerrado, com seu mais alto custo da história".
No ano passado, o custo médio de produção de Mato Grosso, o principal Estado produtor de soja do país, foi de US$ 550 por hectare.
Até 20 de agosto, Mato Grosso havia comercializado 24% da safra estimada, contra 42% na mesma época do ano passado.
O Paraná, o segundo produtor de soja do Brasil, havia vendido apenas 8%, contra 30% para esta época em 2007.
No Rio Grande do Sul, o terceiro Estado da soja, que tradicionalmente comercializa sua safra mais lentamente, havia comprometido 4% da produção futura, contra 5% em 2007.
Em Goiás, os sojicultores venderam, segundo a Agência Rural, apenas 12% da safra, ante 25% há um ano.

Fonte: Terra
 
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