A velocidade do comercialização da soja da safra 2008/09 mantém-se lenta. Até o dia 20 de agosto, as vendas corresponderam a 13% da produção estimada para o próximo ciclo, que é de 64,14 milhões de toneladas, de acordo com o primeiro levantamento de comercialização da Agência Rural. No mesmo período da safra 2007/08, as vendas de soja haviam chegado a 27% da produção nacional. O ritmo lento da comercialização reflete a pouca disposição das tradings - abatidas pela disparada do preço do grão até o fim do segundo trimestre - para financiar a compra de insumos pelos produtores. Ainda que tenha caído a partir deste semestre, o preço ainda está bem acima das médias históricas. Alguns produtores, por sua vez, têm preferido apostar em uma recuperação dos preços, o que ajudaria a contrabalançar a escalada dos custos dos insumos, particularmente dos fertilizantes. A diferença maior no ritmo de vendas entre uma safra e outra ocorre no Paraná, segundo a Agência Rural. Até o último dia 20, a comercialização havia chegado a 8% da produção prevista, em comparação com os 30% vendidos na mesma época da safra 2007/08. Em Goiás, as vendas chegaram a 12%, menos da metade dos 25% vendidos nesta mesma etapa da safra anterior. O ritmo é mais lento no Rio Grande do Sul, onde foi vendida, até 20 de agosto, 4% da produção prevista para o Estado. Em 2007, o volume foi de 5% até agosto. Em Mato Grosso, maior produtor de soja do país e Estado em que os produtores dependem mais das vendas antecipadas, a velocidade de comercialização também perdeu força. De um ano a outro, as vendas recuaram de 42% para 24% da produção prevista, de acordo com o levantamento. Com menos vendas até o momento, os recursos para a compra de insumos estão mais escassos, o que pode comprometer a produtividade da soja no Estado, diz o Glauber Silveira, presidente da Associação dos Produtores de Soja do Estado de Mato Grosso (Aprosoja). Cálculos da entidade apontam necessidade de R$ 8,3 bilhões para o custeio da safra 2008/09 de soja. No ciclo anterior, os custos foram inferiores a R$ 6 bilhões. "Já estamos orientando os produtores para que escolham suas melhores áreas para plantar sem adubo. Mesmo que não plantem em todos os talhões, ao menos a roda gira. Não dá para ficar parado", afirma Silveira.