O preço do trigo teve queda expressiva, esta semana, na Bolsa de Chicago, com desvalorização de 5%. No Brasil, esse recuo pode ser sentido no campo e preocupa os produtores do Paraná. Os cachos já estão secos e anunciam uma boa safra. A colheita do trigo deve começar na semana que vem na região dos Campos Gerais. O tempo ajudou e as geadas não foram tão fortes. Mas em quatro meses, do plantio à colheita a expectativa dos agricultores mudou. Em maio, quando eles começavam a plantar, muitos deles aumentaram a área cultivada por causa do bom preço. Na época, a tonelada do trigo estava saindo a R$ 800,00. Agora, os moinhos estão pagando um pouco mais de R$ 500,00. O produtor Guilherme de Geus plantou 110 hectares à mais que no ano passado. Ele queria aumentar os lucros, mas já pensa num possível prejuízo. “O trigo já é uma lavoura de muito risco. A expectativa de lucro era muito boa. Mas com a queda do preço muito alta é difícil”, reclamou. O motivo do preço do trigo ter caído no mercado interno é a retomada das negociações com a Argentina. O país vizinho voltou a exportar o grão para o Brasil. Para os consultores o momento é instável. O produtor precisa ter cautela antes de iniciar a venda da safra. “Eu se fosse produtor não venderia hoje. Primeiro, é início de safra. Segundo, ver se o trigo vem mesmo da Argentina. É importante para o produtor saber quanto custa o trigo Argentino. Então, é um momento de bastante cautela para o produtor. Ele não tem que se desesperar e sair vendendo o trigo pelo preço mínimo hoje. É um momento de dar uma avaliada melhor no mercado”, orientou Gilmar de Oliveira, consultor agrícola. A partir de setembro, a Conab deve investir R$ 168 milhões na compra de trigo. A medida pretende estabilizar o preço do grão durante a safra.