Registro - Indústria do leite se reúne para pedir crédito ao governo
Data:
04/09/2008
Mais de 30 empresas ligadas à indústria do leite, entre elas Nestlé, Parmalat, Itambé e Perdigão, reúnem-se hoje, pela segunda vez na semana, na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). O objetivo é buscar, junto ao governo, alternativas para o setor. Como o volume de produção aumentou de 10% a 12% na última safra e o consumo caiu 8% em razão da alta da inflação, os preços despencaram. Sem alternativa de exportação, que não chega a 3% do total produzido, os fazendeiros ameaçam reduzir a atividade -o que resultaria na conseqüente falta de leite no mercado ou alta no preço cobrado no próximo ano. Isso porque o valor das vendas por litro está inferior ao custo de produção. "O setor é muito desorganizado", afirma Jorge Rubez, presidente da Leite Brasil, a associação dos produtores. "A indústria alimentícia diz que vai precisar de mais leite, nós respondemos a essa demanda e, de uma hora para outra, ficamos na mão." Hoje deverá ser redigido um documento a ser levado à Casa Civil, que pedirá a liberação de um EGF (Empréstimo do Governo Federal). Usada como capital de giro, a linha de crédito tem o estoque como garantia. Ao ser vendido, a dívida tem de ser paga imediatamente. "Além da liberação do EGF, queremos pleitear o aumento do valor, hoje restrito a R$ 10 milhões por empresa", diz Rubez. "Isso dará um alívio monstro para muitos empresários, que pensam em arrendar a terra para outros cultivos mais atraentes financeiramente e sair do leite." A indústria também tentará conseguir, junto ao governo, uma linha de incentivo às exportações. Tanto Venezuela quanto Cuba, os maiores compradores do produto brasileiro, dizem preferir comprar leite da Nova Zelândia, onde há linhas de crédito que permitem o pagamento um ano após a importação. "Também precisamos desse tipo de mecanismo para ser menos dependentes do mercado interno", diz Rubez.