Café - Conab prevê a maior colheita de café dos últimos cinco anos
Data:
09/09/2008
Em meio aos rumores de quebra na produção de café, a COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO (CONAB) revisou para cima a colheita no Brasil. A estatal afirma que a colheita será de 45,85 milhões de sacas neste ano. O número é 0,68% maior que as 45,54 milhões de sacas previstas no levantamento anterior. É o melhor resultado desde 2002/2003, quando a safra atingiu 48,48 milhões de sacas, incluindo as variedades arábica e conilon (robusta). Os dados integram a terceira estimativa da safra 2008/2009 da CONAB e diz que a colheita de café deste ano será 35% maior que o da safra passada, que foi de 33,7 milhões de sacas. O aumento da produção deve-se, em parte, à bienalidade dos cafezais do tipo arábica. Ou seja, essa variedade apresenta alta produção em um ano e mais baixa no ano seguinte, de forma cíclica e contínua. O diretor de logística e gestão empresarial da CONAB, Sílvio Porto, destacou ainda que houve a entrada em produção de cafezais que estavam em formação ou em processo de renovação. Ajudaram ainda na expansão da colheita fatores como a regularização das chuvas a partir da 2 quinzena de outubro e os bons tratos culturais nas lavouras. A Cooperativa dos Produtores de Café em Três Pontas (Cocatrel), no entanto, diz que espera uma safra pelo menos 20% menor. "Dos 1,3 milhão de sacas que esperávamos, vamos receber cerca de 1 milhão de sacas. Se chegar a isso", avisa o presidente da Cocatrel, Francisco Miranda de Figueiredo Filho. A região do cerrado, onde está boa parte das lavouras foi a que mais sofreu com a seca no final do ano passado. Situação semelhante vive a Cooperativa de São Sebastião do Paraíso (Cooparaíso) , onde a quebra esperada é de 10%. A cooperativa responde por 32 municípios espalhados ao sul de Minas Gerais e na Alta Mogiana. A expectativa era movimentar 2,9 milhões de sacas neste ano. "Fizemos uma pesquisa com mais de 480 produtores e notamos uma quebra que pode chegar a 290 mil sacas", afirma Marcelo de Moura Almeida, gerente do departamento de gestão do agronegócio da Cooparaíso. O Estado de Minas Gerais responderá sozinho por 51% da colheita de café desta safra. No ano passado, as lavouras mineiras responderam por 45,7% da produção de café no Brasil (com 23,39 milhões de sacas de 60 quilos). Segundo Porto, esse aumento reflete o ciclo positivo da bianualidade dos cafezais da variedade arábica, preponderantes em Minas Gerais. O Estado do Espírito Santo, onde se concentram as lavouras de conilon, terá reduzida a sua participação de 28,6%, na safra 2007; para 22,3%, no atual período, fruto da estiagem que prejudicou a cafeicultura na região. O Espírito Santo colherá 10,24 milhões de sacas. Gil Barabach, analista da Safras & Mercado, acredita que a safra poderá atingir 50 milhões de sacas. Mas disse que existem indicativos de uma produção um pouco menor. "O atraso na colheita já é um indicativo de redução. A situação pode ter sido pior no cerrado, que sofreu mais com a seca", disse. As 45,85 milhões de sacas desta safra serão divididas em parcela de cerca de 28 milhões de sacas para exportação e o restante para abastecimento do mercado interno. Da produção total, o tipo arábica chega a 35,27 milhões de sacas e a variedade conilon a 10,58 milhões de sacas. A expansão da safra foi promovida justamente pelo café arábica, que chegará a 35,27 milhões de sacas de café benefíciado, em um crescimento de 40,5% na comparação com as 23,47 milhões de sacas na safra passada. O conilon apresentou ligeira queda, de 10,97 milhões de sacas para 10,58 milhões de sacas de café beneficiado, redução creditada principalmente à estiagem entre maio e dezembro no norte do Estado do Espírito Santo, onde está cerca de 80% da produção nacional de café robusta. O estudo da CONAB indica que a produção cafeeira ocupa 2,32 milhões de hectares. Dessa área, parcela de 91,5% representa cafezais em produção e o restante em formação. A colheita foi iniciada na última quinzena de março e segue até o início de outubro.