Produtores de trigo do Paraná estão preocupados com o valor pago pelo grão. A entrada de trigo argentino derrubou os preços. Foi o preço do trigo o principal estimulo do agricultor Renato Martini. Ele semeou 180 hectares, o dobro do ano passado, porque na época do plantio o valor do grão estava excelente. Mas já no início da colheita percebeu mudanças. “A gente sabe que o preço cai. Mas a gente não imaginou que caísse tanto”, justificou o seu Renato. A quantidade de trigo, suficiente para encher um caminhão, valia no ano passado R$ 8,7 mil. Hoje, vale R$ 6,8 mil, quase R$ 2 mil a menos. Essa diferença é o lucro do agricultor, que vai embora na hora de vender a produção. Fazendo as contas, seu Renato percebeu que não compensava fechar negócio agora. Vai segurar a produção. “Como o grão colhido é o dinheiro que se tem no bolso para custear, então vai vendendo à prestação. Vai vendendo uma parte. Precisou de dinheiro, vende para pagar custo da propriedade. E vai esperando até que se consiga uma rentabilidade melhor”, completou. De acordo com a Conab, Companhia Nacional de Abastecimento, a expectativa é que o país termine a safra de inverno deste ano com 3.824 milhões de toneladas, um aumento de 71% em relação à safra de 2007. Isso influenciou o preço. Outro fator foi a redução de impostos para importação. Ficou mais barato trazer o trigo argentino para o Brasil, o que também pressionou a cotação para baixo. “O melhor não é vender. É esperar um pouquinho. Tem que ter paciência. Na agricultura é preciso paciência”, concluiu César Góes, gerente de moinho.