Registro - Até 2050, será preciso o dobro de alimentos, alerta ONU
Data:
11/09/2008
O mundo terá de aumentar a produção de alimentos em 50% até 2030 e dobrar até 2050 se não quiser sofrer com a escassez nas próximas décadas. O alerta é do relator especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para o direito à alimentação, Olivier de Schutter. Ele apresentará o resultado de seu estudo e alertará para os riscos da especulação no setor de commodities e para a alta nos preços de alimentos. Ele lembra que o recente aumento nos preços de alimentos já afetou 100 milhões de pessoas. Uma alta de 20% até 2025 colocaria outros 440 milhões de pessoas abaixo da linha da pobreza. 'Um obstáculo para o já lento progresso em lidar com a má nutrição será inevitável.' Ele apelará aos países para que uma nova estratégia mundial seja criada para evitar uma crise. Mesmo antes da crise, 852 milhões de pessoas sofriam com a falta de alimentos. O relator aponta ainda que apenas incrementar a produção não resolverá a crise. Hoje, dois bilhões de pessoas vivem com deficiências de micronutrientes e uma nova estrutura de distribuição e acesso aos alimentos precisará ser criada. 'Produzir alimentos não vai aliviar a fome dos mais pobres. Precisamos também aumentar a renda daqueles que a produzem', afirma o documento. A ONU admite que o setor agrícola precisa de investimentos privados. Mas um sistema precisa garantir a inclusão dos pequenos agricultores no comércio. O relator cita um estudo do Banco Mundial que aponta para o fato de que o Brasil, Colômbia e Vietnã reduziram seus ganhos com a venda de café entre os anos 1990 e 2002, enquanto o valor das vendas duplicaram nesse período. A especulação no setor de commodities, segundo a ONU, seria um dos pontos que precisariam ser atacados com urgência. Entre as soluções, a entidade sugere a criação de uma reserva internacional para ajudar países afetados pela especulação nos alimentos. Outra opção seria a criação de um seguro que compense pela alta nos preços de alimentos. Um acordo na Rodada Doha também seria uma solução. Mas a ONU alerta que não será qualquer acordo que ajudará a combater a fome. 'Ainda é incerto se as negociações lançadas em Doha vão dar uma resposta satisfatória', afirmou. Um dos temores é de uma liberalização apenas abra mercado aos grandes produtores, afetando os pequenos agricultores em países emergentes.