Corretora Mercado - Mercantil e Corretora de Mercadorias - Porto Alegre

O preço do milho, nos últimos anos, acompanhou a variação das Bolsas internacionais, como no caso da soja e do café. Agora, esta relação mudou e as altas de fora nem sempre se refletem no Brasil. No Paraná, quem investiu no grão está preocupado.
Trabalho de sobra no campo. É hora de semear a próxima safra. Na propriedade de Antônio Perucci, em Cambé, norte do Paraná, serão 250 hectares de milho. Ele aposta no grão para rotação de culturas e disse que já esteve mais otimista. A safra de milho colhida no inverno não produziu tanto quanto esperava e o preço, que ele imaginava estar alto, caiu. Até agora, seu Antônio já vendeu 60% da produção do milho safrinha.
“No começo a gente ia colhendo e vendendo. O preço estava entre R$ 22,00 e R$ 23,00. Vendemos uma parte nesse preço. Agora, está a R$ 17,00. Estou aguardando um pouco”, disse seu Antônio.
O Paraná é o maior produtor do grão no país. Neste ano, a safra nacional é recorde. São 50,6 milhões de toneladas.
É justamente a produção elevada, motivo de orgulho, a responsável pela queda nos preços. O país produziu milho demais. Agora, faltam compradores.
No ano passado, a Europa, que sofreu quebra na produção, importou 10,5 milhões de toneladas de milho brasileiro. Isto garantiu bons preços para o agricultor. Nesta safra, a situação é diferente. O mercado externo está abastecido e o Brasil vendeu até agora 35% menos do que na safra passada.
“A produção mundial foi normal. Inclusive, teve uma produção boa. Então, em função da oferta e da procura o mercado está abastecido”, explicou Carlos Murate, presidente da Cooperativa Integrada.
Para quem ainda vai plantar, é preciso uma boa dose de cautela. Moacir Canônico, de Rolândia, está terminando a colheita do trigo e já decidiu que vai reduzir em 40% a área que será cultivada com milho. Serão apenas 24 hectares contra 130 com soja.
“O custo está muito alto. O fertilizante dobrou o preço. Aumentou muito meu custo de produção. O mercado está sinalizando com preços não remuneradores. Então, isso faz com que a gente reflita e opte pela soja”, justificou Canônico.
A saca do milho no oeste do Paraná está valendo hoje 18% menos que em setembro de 2007. De um ano pra cá, o preço do grão na Bolsa de Chicago subiu 40%.

Fonte: Globo Rural