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Milho - Dúvidas e apostas no primeiro plantio de milho Bt
Data: 30/09/2008
 
Agricultores da região de Campo Mourão (Centro-Oeste do estado) torcem para que todas as questões pendentes sobre cultivo, armazenagem e transporte de milho transgênico no Paraná sejam resolvidas durante os cinco meses da safra de verão. Apesar das incertezas e da previsão de que haveria semente apenas para testes, existem produtores apostando alto no cereal Bt, resistente a inseto, cultivado neste ano pela primeira vez em lavouras comerciais. O produtor está aprendendo que cuidados deve tomar na lavoura, mas ainda não sabe exatamente como vai ser a fiscalização, nem o escoamento.
Mesmo com dúvidas, o agricultor José Antônio Borghe, de 48 anos, apostou na redução de custo prometida pelo milho Bt. Na esperança de produzir mais com menos esforço no controle da lagarta-do-cartucho, ele destinou 50% de uma área de 240 hectares para a semente transgênica. “Acreditei no produto pela tecnologia. Não fiz experiência, mas observei alguns experimentos”, conta.
O plantio foi iniciado em sua propriedade, no município de Farol, na última quinta-feira. A semente foi disponibilizada mais tarde que a do produto convencional, mas ainda dentro do prazo agroclimático.
Associado da Coamo, Borghe espera não ter problemas na hora de entregar a produção na cooperativa nem quando for comercializar o produto.
As embalagens da semente orientam o agricultor a manter as lavouras comerciais de milho geneticamente modificado a uma distância mínima de 100 metros das lavouras de milho convencional. O cerco pode ser de 20 metros, desde que a bordura tenha, no mínimo, 10 fileiras do produto convencional de porte e ciclo vegetativo similar ao milho modificado.
A recomendação é que 10% da área seja com semente convencional para evitar a ocorrências de insetos resistentes ao mecanismo do Bt. A licença do produto é restrita a apenas uma safra.
Já o agricultor Antônio Cezerpique resolveu esperar resultados satisfatórios da nova tecnologia na vizinhança para investir no milho Bt. “Faltam informações quanto ao produto e sua rentabilidade. Não vou investir em uma semente desconhecida”, afirma Cezerpique, que plantou 16 alqueires de milho convencional em sua propriedade no município de Engenheiro Beltrão. “Se houver uma resposta satisfatória, no safrinha haverá possibilidade de plantar a nova semente.”
Segundo um engenheiro agrônomo de uma cooperativa de Campo Mourão, que preferiu o anonimato, a semente chegou tarde ao mercado, no final da época das compras. Ele diz que os distribuidores não apresentaram os resultados que o milho Bt pode trazer. “A venda está sendo menor por isso. Houve um tropeço nas etapas.” Ele conta que não houve lançamento do produto como normalmente ocorre.
O agricultor Paulo Cesar Tonet, que plantou 55 alqueires de milho convencional, pretende fazer experiências com o Bt apenas na próxima safra. “Quando a semente transgênica chegou ao mercado, já havia comprado o produto convencional.”
Oferta aumenta em 2009
As indústrias que têm milho transgênico já aprovado pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) para plantio comercial estão multiplicando as sementes para atender plenamente a demanda a partir do ano que vem. Neste ano, não houve tempo suficiente para essa tarefa entre a liberação e o início da distribuição do produto para as revendas. Mesmo assim, a Monsanto conseguiu lançar o milho Bt cultivado na Argentina. Apenas uma parcela plantada no Brasil logo depois da liberação chegou ao mercado a tempo. A quantidade de semente e a rede de distribuição não foram reveladas. A empresa já antevia que o plantio de verão seria para teste. A previsão é que o milho transgênico tenha maior adesão que a soja geneticamente modificada.

Fonte: Gazeta do Povo
 
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