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Registro - Commodities têm a maior queda dos últimos 50 anos
Data: 06/10/2008
 
O petróleo, o cobre e o milho empurraram as commodities rumo a sua maior queda semanal dos últimos 50 anos devido ao receio de que a pior crise financeira desde a Grande Depressão faça os Estados Unidos entrarem em recessão. As commodities despencaram 9,9% esta semana, conforme o Índice Reuters/Jefferies CRB, que inclui 19 matérias-primas. Foi a maior queda desde, pelo menos, 1956.
Rodrigo Corrêa da Costa, da corretora New Edge, explica que a forte correção das commodities se deveu à migração dos investidores atrás do dólar, em detrimento do euro. "A moeda européia se mostra menos confiável na medida em que é vista como incapaz de atender políticas econômicas tão distintas de todos os seus países membros", explica Costa. A maior confiança nos títulos americanos fez o dólar se valorizar e as commodities caírem para se ajustar, de acordo com o especialista da New Edge.
A retração das commodities agrícolas vem ocorrendo desde julho deste ano, com declínio mais acentuado em setembro. Nos últimos quatro meses, as cotações da soja na Bolsa de Chicago (CBOT) caíram 37%, e não foram compensadas pela alta do dólar no País, que valorizou-se 27% no período. O mesmo ocorreu com o suco de laranja, cujos preços retraíram-se 34%. Compensações positivas ainda ocorrem com açúcar, algodão e café.
Mas para Geraldo Barros, coordenador científico do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP) a tendência é que o efeito compensatório do câmbio predomine e, dentro de certos limites, os produtores, em conjunto, não sejam muito afetados pela forte queda das cotações internacionais. "Assim, na verdade, não deve preocupar o produtor o nível em que o câmbio venha a se fixar", acrescenta o acadêmico.
Isso porque, segundo ele, a evolução do câmbio vem seguindo nos últimos dez anos um padrão semelhante. "Quedas do dólar no Brasil acompanham elevações das cotações (em dólares) das commodities no mercado internacional. E vice-versa. Isso acontece porque se os preços caem lá fora, o valor das exportações (e a entrada de dólares) também cai e logo, no mercado interno, o dólar sobe", detalha o coordenador científico do Cepea.
Até agora, no mercado interno, o menor valor das cotações internacionais afetam apenas o milho. "Olhando os preços do Cepea para o Brasil, notamos que apenas esse grão teve problemas, com preço em queda de 14% e estoques em excesso", acrescenta Barros.
Em vez de empatar, produtores aproveitam a alta do dólar para fazer hedge e garantir cotações acima de R$ 2 para a moeda americana. Glauco Monte, analista de gerenciamento de risco da FCStone, afirma que neste momento muitos negócios de hedge de moeda estão sendo feitos. "Está muito mais atrativo fixar o dólar neste momento". Mas, no geral, a alta volatilidade traz ambiente negativo e maior risco para a agricultura, na avaliação de Antônio Maria da Silveira, do Instituto de Economia da Unicamp.

Fonte: Gazeta Mercantil
 
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