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Trigo - Crise pode impulsionar preços do trigo
Data:
10/10/2008
A alta do dólar e a menor oferta de crédito para financiar as importações do grão podem elevar os preços da farinha de trigo no curto prazo, mas a tendência é de que depois recuem, já que as cotações do cereal estão em queda no mercado mundial. A afirmação é do presidente da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), Sergio Amaral, que ontem, analisou os impactos da crise financeira internacional no setor moageiro. Segundo Amaral, alguns moinhos ainda estão processando trigo comprado a US$ 480 a tonelada, quando hoje pagariam no mercado US$ 260/t, 85% menos. ‘‘Quem comprou trigo a US$ 480 e está tendo de vender farinha ficou com um mico na mão’’, diz, ressaltando que, apenas com a desoneração fiscal, os preços da farinha caíram de 15% a 20% desde junho. Naquele mês, o governo, preocupado com o impacto da alta do trigo na inflação, isentou o setor do recolhimento do PIS-Cofins. ‘‘Alguns deles (moinhos), os que importaram mais, terão de reajustar os preços em conseqüência. Mas a tendência, insiste, é de que os preços da farinha voltem a cair devido ao menor custo da matéria-prima no mercado internacional. A restrição de crédito para importação vai impactar os moinhos diferentemente, diz Amaral, a depender do perfil de cada um. Ele lembra, porém, que a falta de crédito afeta a economia como um todo. O executivo disse que o governo brasileiro foi ágil ao adotar medidas, como a liberação de parte do depósito compulsório e da garantia de crédito para o plantio da safra. Para o ano-safra que começa, a preocupação do setor moageiro nacional é com a Argentina, principal fornecedor de trigo para o Brasil. ‘‘Não estamos seguros quanto ao abastecimento’’, disse Amaral, lembrando que em anos normais o país vizinho colhe mais de 15 milhões de toneladas de trigo e neste ano deve produzir menos de 12 milhões de toneladas, por conta da redução de área e da estiagem que atingiu áreas produtoras. Considerando o consumo interno argentino de 6 milhões de toneladas, sobrariam pouco menos de 6 milhões de toneladas para exportação. Congresso em Curitiba A questão da imprevisibilidade no fornecimento de trigo da Argentina, um problema dos últimos dois anos, será debatida no congresso do setor, marcado para 19 a 21 deste mês em Curitiba. Cerca de 20 representantes do setor produtivo, moageiro e exportador da Argentina deverão participar do evento, segundo Amaral. Com eles, os moageiros brasileiros pretendem discutir também as exportações para o Brasil de farinha argentina subsidiada, resultado da adoção de preços diferentes para o trigo em grão no mercado interno argentino e na exportação. (AE)