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Safra - 20% podem deixar de plantar, diz Faeg
Data: 14/10/2008
 
A crise do sistema financeiro deve afetar o setor agrícola, inclusive o de Goiás, na safra 2008-2009. O alerta é do presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Goiás (Faeg), José Mário Schreiner. Segundo ele 80% dos produtores já adquiriram os insumos para o plantio. Mesmo assim, nem todos conseguiram comprar 100% de tudo o que vão precisar para a safra. “O restante (20%) pode não conseguir crédito nos bancos, por causa da atual restrição dos financiamentos”, alertou.
Para Schreiner, pode haver desequilíbrio geral. “Quem comprou, por exemplo, 60% ou vai plantar apenas isso ou vai usar essa porcentagem para plantar 100%”, disse. “Isso implicaria queda da qualidade do produto, porque seria usada menos tecnologia no cultivo”, explicou. Segundo Schreiner, outro problema são os preços das commodities, que fecharam ontem em queda de 40%. “De setembro a outubro, o setor geralmente realiza venda antecipada de 40% das commodities. Até agora, foram 20%”, informou.
Ainda conforme o presidente da Faeg, 30% do financiamento para o produtor vem do crédito oficial (do governo federal, por meio do Banco Brasil). “Os 70% desapareceram por causa das restrições ao crédito”.
A Faeg também questiona a liberação, pelo Banco Central, de milhões aos bancos, na tentativa de evitar que a crise se alastre pelo País. “Queremos saber se esse dinheiro será revertido em créditos para os produtores”, indagou Schreiner. E enumerou que, para Goiás, serão necessários R$ 6 bilhões. “Do crédito oficial, até agora, vieram apenas R$ 1,3 bilhão. Ainda faltam R$ 500 milhões para o Estado”, contou. Para a próxima safra, no País, serão necessários R$ 140 bilhões – do crédito oficial, recursos próprios e financiamentos das multinacionais que operam no sistema.
Outra preocupação da Faeg envolve o pagamento da parcela de R$ 5 bilhões, por parte do produtor brasileiro, que vencerá terça-feira, 14. “Na segunda-feira, vamos ao Ministério da Agricultura explicitar o problema. Não é conveniente tirar, agora, essa quantia do produtor”, afirmou. “Esperamos que o governo prorrogue o prazo, senão o produtor vai quebrar. E isso vai refletir, mais uma vez, no bolso do consumidor”, alertou.

Fonte: FAEG - Federação da Agricultura do Estado de Goiás
 
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