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Milho - Estoque de milho alto, só no Brasil
Data:
17/10/2008
A cada balanço sobre milho, uma surpresa. Desta vez, o Centro de Estudos em Economia Aplicada (Cepea) apontou para a brutal diferença entre os estoques brasileiros e os dos demais países produtores do grão. O fato é que, enquanto os estoques mundiais estão lá embaixo, os do Brasil são um dos maiores dos últimos anos. No agregado mundial, os estoques da safra 2008/09 devem ficar 5,2% abaixo da média das três safras anteriores. Nos Estados Unidos, a diferença será negativa em 30%, na Argentina, de -17,3% e na China, de -6,5%. Enquanto isso, por aqui o estoque deve ficar 145%. "As transações internacionais do grão representam 10,5% da sua produção mundial, uma taxa muito pequena quando comparada a de outros grãos. E o Brasil não é um grande participante desse fluxo", explica Lucílio Alves, pesquisador do Cepea. A produção brasileira de milho em 2008 deve totalizar 58,6 milhões de toneladas, 44,5 milhões delas devem ser consumidas internamente. Somando a diferença aos estoques de passagem (6,6 milhões de toneladas), o excedente de mercado interno chega a 20,7 milhões. Desse volume, apenas 3,9 milhões foram exportados até o mês de setembro, conta que resulta em 16,8 milhões de toneladas estocadas e sem a menor garantida de alcançar o mercado externo nos próximos meses. Com tanto milho sobrando, os preços internos continuam em queda. De acordo com os números do Indicador ESALQ/BM&F-Bovespa, a baixa acumulada no mês é de 6,3%. E é essa derrocada contínua dos preços que paralisa as negociações. "Existe agora um impasse entre compradores e vendedores, o que não contribui para a diminuição dos estoques", analisa Alves. Segundo o pesquisador, o atual cenário indica futuras oscilações do preço do grão, e a consequente instabilidade das cotações em curto e médio prazo. Desvalorização que já vai alterar a área plantada. No Paraná, a redução deve ser de 5,3%. A produção de milho no verão pode ser 9,4% menor. O que deve diminuir também é o número de tecnologia empregada, e a produtividade seguiria assim esse mesmo caminho de baixa. "A preocupação maior fica com a safrinha, onde os efeitos desse estoque elevado vai ser sentido de forma mais drástica. Para a safra verão as decisões já foram tomadas. Agora é contar com uma forcinha do clima", conclui