Porto
Alegre, segunda-feira, 13 de janeiro de 2025
Notícias
:: Acompanhe as notícias do mercado de cereais
Arroz - Semana movimentada para o arroz. Preços estáveis
Data:
17/10/2008
A semana foi politicamente movimentada para o setor arrozeiro em todo o Brasil, mas encerra com preços estáveis e comercialização bastante travada. A demanda e a oferta estão mais restritas em razão dos resultados do último leilão da Conab, O preço médio fechou em R$ 33,42 a saca, abaixo dos R$ 34,03 da semana passada, mas negociou toda a oferta de 49,076 mil toneladas (alguns lotes tiveram a venda cancelada). O ágio ficou em 19,31%, conforme a Bolsa Brasileira de Mercadorias (BBM/RS).
A dificuldade de retirada do arroz dos armazéns fez com que a indústria não aceitasse pagar um ágio maior. Em muitos casos a Conab está leiloando todo o arroz armazenado em um mesmo armazém, o que atrapalha a logística de retirada. Em reunião da Câmara Setorial Nacional do Arroz, nesta quinta-feira, o setor solicitou à Conab que estabeleça cotas de até 20% do volume depositado em determinado armazém para os leilões, como forma de agilizar a retirada.
Os produtores seguem preocupados com a falta de recursos para liberação do custeio nas agências bancárias. O arrozeiro precisa plantar toda sua safra até o dia 10 de novembro, que é a data recomendada pelo Irga, mas alguns ainda estão na fila dos recursos.
Esta semana até o presidente Lula manifestou-se dizendo que o dinheiro liberado pelo governo não pode ficar retido nos bancos, tem que chegar ao produtor. Espera-se uma agilização deste processo na próxima semana.
A Câmara Setorial apresentou sua posição em favor de rigor na fiscalização dos fertilizantes (após o escândalo das adulterações flagradas pelo Mapa), parcelamento do pagamento do custeio da safra em cinco parcelas de julho a novembro de 2009, leilões quinzenais de arroz, entre outros temas abordados em outro artigo de Planeta Arroz.
PREÇOS
O efeito imediato dos leilões semanais e da dificuldade de carregamento dos estoques pela indústria, foi a redução do preço médio pago pelo arroz nos pregões e um reflexo direto nas cotações de mercado, que estabilizaram segundo dados do indicador Cepea/Esalq/USP e BM&F. De sexta-feira da semana passada até esta quinta-feira, os preços recuaram mínimos sete centavos, com oscilações de dois a três centavos ao dia. Baixou de R$ 36,36 para R$ 36,29.
Este é o valor final da média de comercialização no Rio Grande do Sul, registrado nesta quinta-feira (16/10) para a saca de 50 quilos de arroz (58 x10), colocada na indústria gaúcha (frete incluso). Ainda assim, o arroz em casca registra aumento de 1,92% em outubro. O preço recorde de 2008 foi R$ 36,37.
No mercado livre há registro de negócios a R$ 45,00 no Litoral Norte gaúcho para variedades nobres e R$ 46,00 para arroz primavera, de ótima qualidade, no Mato Grosso. Com a oscilação do dólar, o arroz apresentou cotação de US$ 16,76 nesta quinta-feira, representando uma queda de 10,4% no mês.
O fardo de 30 quilos, tipo 1, do arroz beneficiado chega no atacado, em São Paulo, em média, por R$ 48,50. O beneficiado tipo 2 alcança média de R$ 46,35. No mercado internacional, o arroz branco tailandês, FOB Bangkok, está cotado a US$ 660,00 a tonelada e o norte-americano, US$ 775,00 t/FOB, em queda. As paridades estão entre R$ 66,00 e R$ 74,00, tornando proibitivas as importações de terceiros mercados.
No Mercosul, segundo a Carlos Cogo Consultoria, em média, o arroz beneficiado argentino é comercializado por US$ 740,00 a t/FOB e o uruguaio está cotado em US$ 750,00 a t/FOB. Chegam a São Paulo na faixa de R$ 65,30 e R$ 64,50 por fardo de 30 Kg tipo 1, o que sustentação aos preços internos.
No mercado livre, segundo as principais corretoras gaúchas, a média de preços está entre R$ 35,00 e R$ 36,00 no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, estados responsáveis por quase 70% da produção brasileira. Assim, em praças como Cachoeira do Sul, Guaíba, Alegrete, Rosário do Sul e Dom Pedrito, os valores dos negócios realmente efetivados ocorrem na casa dos R$ 35,00 a R$ 35,50. Em Uruguaiana, São Borja, Itaqui e Pelotas o produto chega na indústria entre R$ 35,50 e R$ 36,50. Como de costume, o Litoral Norte obtém médias superiores: R$ 42,00.
DERIVADOS
A Corretora Mercado, de Porto Alegre, indica preço médio de R$ 36,00 para a saca do arroz em casca com 58% de grãos inteiros, no Rio Grande do Sul, registrando uma queda de R$ 0,50. A saca de 60 quilos de arroz beneficiado manteve cotação de R$ 72,00. Entre os derivados as cotações da semana anterior também registraram queda, com o farelo de arroz baixando de R$ 330,00 para R$ 300,00 a tonelada, o canjicão de R$ 42,00 para R$ 41,00 e a quirera também perdendo R$ 1,00 e cotada em R$ 31,00 a saca.
EXPECTATIVA
A expectativa do mercado para a última quinzena de outubro é de alta. Em primeiro lugar pela restrição às importações. Com a alta do dólar, os terceiros mercados foram inviabilizados e tanto o arroz argentino como uruguaio perderam competitividade no mercado interno. Novos negócios das exportações brasileiras, porém, que poderiam ganhar mais impulso, sofrem com a falta de crédito para vendas externas. Ainda assim, o país está consolidando seu recorde de vendas de arroz no mercado internacional.
Com o espaçamento dos leilões e as barreiras impostas pelo câmbio à importação, a expectativa da cadeia produtiva é de que os preços voltem a reagir na próxima quinzena, com boas chances das cotações beirarem os R$ 37,00, segundo os principais analistas do setor. Até o final de outubro haverá apenas mais um leilão de 50 mil toneladas. E ainda sem alteração nos volumes por armazém, o que força a indústria a buscar produto junto ao agricultor. O atraso no plantio, em razão da falta de crédito, é outro fator que pode afetar a produtividade e a produção da próxima safra, colaborando neste cenário de alta.