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A queda na produção de grãos na safra 2008/09 pode cair até 7% na comparação com a colheita passada, adverte a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Na safra anterior, o Brasil colheu 143,8 milhões de toneladas de grãos.
A instituição já havia indicado possibilidade de retração de até 5%. Agora, ampliou as perspectivas negativas diante de problemas como a queda dos preços das commodities, dificuldades de acesso ao crédito rural e redução do uso de insumos.
A análise da situação da safra 2008/09 foi realizada ontem na sede da CNA, em reunião na qual participaram representantes de dez estados.
Para reverter o quadro de desestímulo à produção, a entidade sugere medidas como a aceleração da liberação de créditos para o atual plantio.
Para 2009, a entidade quer que os recursos para a agropecuária sejam incluídos no Orçamento da União, de forma a garantir a execução das políticas de apoio à comercialização já para a colheita do próximo ano e para o financiamento da safrinha de inverno.
A própria CNA admite que na safra 2008/09 o único estado onde está efetivamente decidida a retração da área de plantio é Mato Grosso, com queda de 40% na área de algodão e de 5%, na de soja.
A manutenção das condições restritivas de crédito pode propagar essa tendência para outras regiões, advertiu o presidente da Comissão Nacional de Cereais, Fibras e Oleaginosas da CNA, José Mário Schreiner.
O presidente argumentou que 20% dos insumos necessários para o cultivo da próxima safra ainda não foram adquiridos.
Esse dado, segundo a CNA, é mais um indicativo da possibilidade da queda de tecnologia no próximo cultivo e conseqüente redução produtiva. O dirigente da CNA alegou que não foram realizados quaisquer investimentos para a próxima safrinha.
Segundo Schreiner, as recentes medidas de apoio aos produtores rurais anunciadas pelo governo, como a antecipação da liberação de R$ 5 bilhões do crédito agrícola, não chegou ao campo. "Não conseguimos achar um só produtor que tenha conseguido esses créditos", afirmou.
O senador Gilberto Flávio Goellner (DEM-MT) participou da reunião na CNA e fez acusações de que o dinheiro adicional oferecido pelo Governo não está chegando aos produtores. "Os R$ 12,5 bilhões realocados para a agricultura estão sendo utilizados em outros títulos, não na agricultura", disse o senador.
O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, no entanto, não concorda com as reclamações dos produtores. Em vez de observar a situação do campo sob a ótica da escassez, o ministro destacou ontem que 80% dos produtores estão em condições de plantio e têm crédito. Ele não ignora dificuldades pontuais, e destacou que os "problemas residuais" estão sendo alvo de ações do ministério.

Fonte: Gazeta Mercantil