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Ameaça crescente para um novo recorde da produção nacional de grãos nesta safra 2008/09, a combinação entre custos elevados e escassez de crédito já provocou perdas concretas no oeste da Bahia, principal fronteira de soja, milho e algodão no Estado.
Levantamento da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba) mostra que os produtores da região reduziram a área plantada de algodão e milho para apostar na soja, que tem custo de produção mais baixo. Mesmo com mais espaço, a produtividade da soja deverá cair devido ao menor uso de tecnologia, sobretudo fertilizantes, o que significa que a tendência é de queda da colheita para as três culturas.
Após reunião entre seu conselho técnico com representantes da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab), IBGE e agroindústrias, a Aiba divulgou que a área plantada com algodão deve recuar para 282,1 mil hectares em 2008/09, ante os 293,4 mil do ciclo anterior.
Como a produtividade média das lavouras também deve diminuir - de surpreendentes 270 arrobas por hectare em 2007/08 para 260 agora -, a colheita tende a render 1,1 milhão de toneladas na nova temporada, ante as 1,19 milhão da safra passada.
Para o milho, a estimativa da Aiba sinaliza área plantada de 180 mil hectares em 2008/09, ante 185 mil em 2007/08. Na comparação, a produtividade deverá diminuir de 118 para 110 sacas de 60 quilos por hectare, e com isso a colheita deverá recuar de 1,31 milhão para 1,19 milhão de toneladas.
Já a soja, cuja área plantada no oeste baiano "herdou" partes antes dedicadas a algodão e milho e deverá subir de 935 mil hectares, em 2007/08, para 958 mil em 2008/09, não deverá resistir a uma queda de produtividade estimada em 11% (de 50,6 sacas de 60 quilos colhidas para 45) e teve produção nesta temporada reduzida a 2,59 milhões de toneladas, ante as 2,84 milhões da safra anterior.
E isso porque o custo de produção do grão é mais baixo que o de algodão e milho. No oeste da Bahia, informou a Aiba, a produção de soja está custando, em média, R$ 1,4 mil por hectare, com faturamento estimado em R$ 1,53 mil por hectare e margem líquida de lucro de 9,29%. Para o milho, as contas para esta safra, por hectare, indicam custo de R$ 2,1 mil por hectare, faturamento de R$ 2,2 mil e rentabilidade de 4,76%. No algodão, estão previstos, por hectare, custo de R$ 4 mil, faturamento de R$ 4,4 mil e 10% de rentabilidade.

Fonte: Valor Econômico