(CONAB) vai leiloar ainda esta semana Prêmios para o Escoamento da Produção (PEP) de 50 mil toneladas de milho do Mato Grosso. Até agora o governo já negociou 1,724 milhões de toneladas de milho daquele Estado em contratos de opção pública e privada. As sacas do grão vão seguir para as regiões Norte e Nordeste, com exceção dos Estados de Rondônia, Pará, Piauí e Maranhão. Esta é a primeira vez no ano que a CONAB oferece esse tipo de instrumento para o grão. O prêmio oferecido à indústria para escoar a produção é de R$ 2,80 por saca. Segundo o superintendente da CONAB, João Paulo de Moraes, só o Nordeste tem um déficit anual de dois milhões de toneladas, demanda em parte abastecida pelo mercado, em outra pelo governo. O objetivo do prêmio é custear o transporte de alimentos para regiões consumidoras e apoiar a comercialização em pólos produtores - o Mato Grosso é responsável pela produção de mais de 50% do milho safrinha brasileiro. Cerca de 40% desse volume ainda se encontra nos silos da região. "A verdade é que na região norte do Estado o mercado está pagando um preço abaixo do preço mínimo garantido pelo governo, que é de R$ 11", admite Moraes. A Companhia, de acordo com o superintendente, trabalha com a possibilidade de o País virar o ano com um estoque de passagem abarrotado com 14 milhões de toneladas de milho. A Safras&Mercado tem uma projeção mais otimista de seis milhões de toneladas estocadas, número que ainda seria recorde. "Esse ano não teve um ritmo de exportações como o de 2007. Existe uma folga no estoque de 16 milhões de toneladas", calcula Moraes apostando na comercialização de pelo menos mais dois milhões de toneladas. "O Brasil produziu este ano um excedente de 11 milhões de toneladas, se conseguirmos exportar cinco vão sobrar seis milhões e não 14 como prevê a CONAB. O governo virou o último ano com um estoque praticamente zerado e superestimou a safra de 2008", rebate Paulo Molinari, consultor da Safras. Os contratos de opção negociados pelo governo, a garantia de preço mínimo e agora o PEP são medidas para tentar enxugar o mercado do milho, que com seis ou 14 milhões de toneladas de estoque de passagem vai inevitavelmente amargar prejuízos, afinal o custo variável de produção é superior aos R$ 11 oferecidos pelo governo. "Estamos usando quase todos os instrumentos necessários para sanar o problema, que também é de distribuição geográfica", explica Moraes. Para Molinari os referentes instrumentos de comercialização "são úteis, uma vez que oferecem liquidez a um mercado encalhado". O consultor projeta para o mês de novembro um volume de embarques, um pouco mais animador, de 500 mil toneladas. Em outubro menos de 400 mil ganharam o mercado externo.