Safra - Governo federal não ouviu apelos do governador do MT
Data:
24/11/2008
O governador Blairo Maggi bem que tentou, mas não conseguiu evitar que a crise detonasse a agricultura mato-grossense no momento mais importante para o ciclo da lavoura: o plantio. Diante do recrudescimento da crise no mês de outubro, o governador - temendo os resultados trágicos para a economia do Estado - foi a Brasília acompanhado de representantes das entidades do agronegócio de Mato Grosso expor a situação crítica pela qual passa a agricultura com a falta de crédito e renda ao produtor, bem como solicitar medidas urgentes para viabilizar a safra 08/09. Com o apoio de Maggi, os produtores defenderam a injeção de recursos no sistema produtivo e a prorrogação de todos os vencimentos das parcelas das dívidas rurais de 2008. Mas, na avaliação dos produtores, o governo apenas acenou com “propostas paliativas”, como a abertura de uma nova linha de crédito (R$ 1 bilhão) aos produtores. “Este é um dinheiro que nunca chega às mãos do produtor”, critica o presidente do Sindicato Rural de Sinop (503 quilômetros ao norte de Cuiabá), Antônio Galvan. Segundo ele, os agricultores não estão conseguindo nem pagar juros dos contratos e o governo oferece uma linha “impossível para o agricultor. Este é dinheiro virtual, pois ninguém mais tem garantia para dar e o cadastro já está saturado”. Para Galvan, o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephannes, não tem voz ativa no governo e “não está conseguindo se fazer ouvir. O Stephannes está se sujeitando a negociar com representantes do quarto escalão do governo, quando deveria tratar os problemas da agricultura em nível ministerial. Infelizmente, a pasta da agricultura está acéfala e isso é muito perigoso para nós”. Na avaliação do presidente do Sindicato Rural de Rondonópolis (210 quilômetros ao sul de Cuiabá) e diretor da Aprosoja/MT, Ricardo Tomczyk, é uma “questão de sobrevivência” a continuidade da produção e a sustentação econômica do Estado. “O ministro [Stephanes] entende a extensão da crise, porém existe uma barreira irresponsável no Ministério da Fazenda impedindo que as soluções sejam encaminhadas e cheguem ao campo”.