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Boi Gordo - Nem o boi escapa em mês de quedas na BM&FBovespa
Data: 01/12/2008
 
Ainda sob forte pressão da fuga de fundos de investimentos em meio à turbulência financeira global, os futuros agropecuários negociados na BM&FBovespa tiveram em novembro baixa generalizada de preços médios mensais na comparação com os resultados de outubro, segundo cálculos do Valor Data baseados no comportamento dos contratos de segunda posição de entrega dos seis produtos que compõem o universo.
A commodity que mais perdeu valor na comparação entre os preços médios de novembro e outubro foi o açúcar (7,20%), mas a baixa que mais chamou a atenção foi a do boi gordo (3,67%), o único produto que em outubro ainda apresentou variação positiva da cotação média em relação ao resultado do mês anterior.
No caso do boi, afirma Élio Micheloni Jr., analista da Terra Futuros Corretora, além da crise financeira pesou para a retração observada a pressão de importadores com problemas de crédito, sobretudo russos, por redução de preços. Tal pressão, que já diminuiu, também teve reflexos no mercado físico doméstico.
"O mercado futuro está fraco, mas a disponibilidade de bois é baixa, pela redução estrutural do rebanho [no passado recente, em virtude dos baixos preços], e esse fator sugere alta de preços. Com o estrago da economia mundial, contudo, porém, é difícil consolidar esse movimento", observa o analista.
Colega de Micheloni na Terra Futuros, Eduardo Bao Zen Tang, da área de grãos, lembra que toda a turbulência recente levou o mercado a um ponto de indecisão. Segundo ele, em produtos como soja e milho, para os quais normalmente as atenções concentram-se nos níveis de oferta, é preciso acompanhar a demanda.
Tratam-se de commodities-chave para a produção de alimentos, que em crises como a atual costumam apresentar quedas menores no consumo do que automóveis e outros bens duráveis, por exemplo. Mas, ainda que os volumes consumidos sofram menos, a migração dos consumidores para alimentos mais baratos costuma ser regra em crises, o que reduz preços.
Na BM&FBovespa, o preço médio dos contratos futuros de segunda posição da soja foi 2,88% menor em novembro que em outubro. Para o milho, a retração foi de 5,14% na mesma comparação.
Tang argumenta que a forte baixa do milho também decorre da oferta abundante do produto no Brasil no momento, que derruba os preços não só no mercado futuro, mas no físico. Sazonalmente, diz, a demanda doméstica recua nesse período, e ainda há fartos volumes colhidos especialmente na safra de inverno à disposição dos interessados.
O analista também destacou o expressivo "desalavancamento" dos fundos que atuam nos mercados futuros agropecuários da BM&FBovespa, em movimento similar ao observado nas bolsas de Nova York e Chicago, nos Estados Unidos. Em alguns casos, apontou, o número de contratos em aberto caiu a um terço do observado há alguns meses.
De volta às comparações entre os preços médios mensais, o café arábica recuou 4,01% em novembro em relação a outubro e o etanol caiu 4,81%. Na comparação com as médias de novembro de 2007, apresentam valorização no mês passado boi gordo (25,50%) e açúcar (8,23%). Há baixas para café (16,49%), milho (31,46%), etanol (12,86%) e soja (13,19%).

Fonte: Valor Econômico
 
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