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Soja - Risco de recessão impõe perdas à soja
Data: 01/12/2008
 
Ritmo de compasso de espera imposto à nova safra estadual revela lentidão das negociações e as ausências das posições compradoras e vendedoras em pleno ciclo.
A preocupação com a recessão mundial está provocando fortes perdas à soja nas últimas semanas e travando os negócios entre compradores e vendedores. “O mercado está oscilando tanto que ninguém quer negociar. As vendas estão paradas”, alerta o analista de Mercado Seneri Paludo, superintendente do Instituto Mato-grossense de Economia Agrícola (Imea), órgão pertencente à Federação da Agricultura e Pecuária do Estado (Famato). Resultado: cotação chegou ao pior nível dos últimos 16 meses.
Segundo ele, este ano as vendas estão aquém do ritmo dos anos anteriores. “Ano passado, neste mesmo período, as vendas antecipadas já haviam ultrapassado a 60%. Este ano não chega à metade”, compara.
A verdade é que o mercado da soja não vem conseguindo fazer frente ao clima negro do mercado financeiro e as cotações da oleaginosa mergulharam em queda acentuada, sendo negociadas aos menores patamares de preço desde julho de 2007.
A Bolsa de Mercadorias de Chicago (CBOT) para o complexo soja encerrou as operações da última quinta-feira com preços acentuadamente mais baixos. Os contratos da soja em grão com vencimento em janeiro encerraram cotados a US$ 8,56 por bushel, perda de 41 centavos de dólar. Março fechou a US$ 8,62 3/4 por bushel, baixa de 41,50 centavos. No farelo de soja, os contratos com vencimento em dezembro encerraram a US$ 257,20 por tonelada, baixa de US$ 10,50. A posição dezembro do óleo fechou a 30,63 centavos de dólar por libra-peso, baixa de 1,34 centavo. Bushel é o padrão de medida norte-americano equivalente a pouco mais de 27 quilos.
De acordo com os analistas, os compradores adotaram uma postura cautelosa, em meio aos temores de recessão mundial e desaquecimento da demanda por alimentos. Mesmo com algumas boas sinalizações fundamentais, o comportamento negativo do mercado financeiro internacional foi o fator preponderante para definir as perdas.
“A oscilação do mercado da soja se mantém forte. Enquanto a crise perdurar e o cenário não tiver mudança, esta volatilidade continuará sendo preponderante para a formação de preços, gerando desconfiança entre compradores e vendedores e travando os negócios”, analisa Seneri Paludo.
Ele diz que a forte volatilidade impõe cautela a compradores e vendedores. “No caso do produtor, ele tem de fazer uma boa análise dos custos de produção. E, somente no momento que o preço cobrir os custos é que ele deve entrar em escala de comercialização para não ter perdas”.
A atual conjuntura marcada pela paralisação dos negócios, segundo ele, retrata bem o cenário de crise vivido pela agricultura brasileira. “Em outros anos o produtor fazia a comercialização antecipada para pagar os compromissos. Hoje os negócios estão engessados e os agricultores estão sem perspectivas para a próxima safra”, alerta Seneri.

FATORES EXTERNOS
Na avaliação da analista da AgRural, Daniele Siqueira, as oscilações nos últimos meses se devem a fatores externos como a crise financeira mundial e a sua influência sobre a Bolsa de Chicago. “Por conta disso, é praticamente impossível fazer previsões porque esses fatores fogem ao nosso controle”.
Em relação à soja, ela diz que os estoques estão apertados nos Estados Unidos. “A situação é nebulosa, pois não sabemos o tamanho da safra da América do Sul e isso impõe mais incertezas ao mercado”.
Ela confirmou que as vendas antecipadas estão “bem atrasadas” em relação a 2007. “Devido a este cenário de instabilidade, preços das commodities em queda e custos elevados de produção, o mercado se mantém retraído e as vendas também ficam travadas”, frisa ela.

Fonte: Diário de Cuiabá



 
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