Arroz - Arroz e carne elevam o custo da alimentação em Brasília
Data:
02/12/2008
Guará foi a cidade em que a cesta básica mais aumentou no mês O Guará foi a região administrativa do Distrito Federal que teve a cesta básica mais cara em novembro, segundo o Indice do Custo de Vida do DF (ICDV-DF) divulgado ontem pela Universidade Católica de Brasilia. A pesquisa apontou que a cesta básica do Guará custou em média R$ 397,01, contra R$ 395,35 do Plano Piloto, R$ 371,41 de Taguatinga e R$ 362,53 de Ceilândia. Segundo Kátia Velásquez, coordenadora da pesquisa, o arroz foi um dos itens que contribuiram para aumentar as diferenças entre as Cestas Básicas. - Em Taguatinga e em Ceilândia, o arroz colaborou para diminuir o custo da alimentação fazendo com que a cesta se tornasse bem mais barata até que no Plano Piloto. Mas o mesmo produto colaborou para aumentar o custo da cesta no Guará, tornando-a mais cara que na região central de Brasília ou mesmo dos Lagos - explicou Kátia. Alta do dólar puxa preços A pesquisa da UCB apontou que na variação por produtos, de sete pesquisados, quatro registraram deflação e três tiveram os preços inflacionados. Entre os itens com média negativa, se destacaram a batata-inglesa e a farinha de trigo com -12,47% e -12,26% respectivamente, com menos queda, mas igualmente negativos ficaram o feijão carioquinha com -6,75 e o arroz com -5,18%. Entre os índices com aumento, a carne foi o item de maior alta e alcançou 10,62%, seguido do frango resfriado com 6,61% e o macarrão com ovos com 1,48%. Para o economista José Luiz Pagnussat, do Conselho Regional de Economia do DF (Corecon-DF), a alta da carne nesta época do ano é atípica e se deve, principalmente pela alta do dólar. - No caso da carne, a única análise viável é que o seu aumento se deveu à subida do dólar, que valorizou o preço do produto na exportação e assim puxou o preço interno. Já estamos na época do boi gordo e os preços, a rigor, deveriam estar mais baixos - justifica o economista, lembrando que no caso do frango a alta se deve aos problemas que alguns estados produtores estão tendo com as chuvas, já que não é pelo milho que está com o preço bem abaixo da média. Mais reais pelo mesmo Kátia Velasquez explica que a valorização do dólar no mercado interno fez com que fossem necessários mais reais para comprar o mesmo produto. - O impacto ocorre de forma diferenciada, com os produtos nacionais passando a ser suficientes e reduzindo a necessidade de importação para o abastecimento interno. É o caso do trigo, devido a expansão da produção interna. Pagnussat acrescenta que, além da expansão interna do trigo pela safra regional, que foi muito boa, os produtores internacionais tiveram de reduzir o preço para conseguir diminuir o estoque. - Esse excesso de oferta faz comque o trigo fique realmente barato, e isso se reflete em muitos produtos da cesta básica onde o maior representante derivado do trigo é o pão francês - avalia. A UCB começou a medir o ICDV-DF numa parceria com Ômega Empresa Junior de Consultoria econômica em abril deste ano. Confrontando os dados de todos os meses até novembro, nota-se que a média da cesta básica caiu pelo terceiro mês consecutivo, marcando R$ 389,17 em setembro, R$ 387,51 em outubro e agora em novembro com R$ 381,57. O ápice dessa média aconteceu em julho, quando ela chegou a R$ 401,57. Crise contribui Pagnussat justifica que o pico dos preços aconteceu por várias razões como questões de safras e entressafras, mas principalmente pelo início da crise financeira internacional que começou naquele mês. De lá pra cá os preços estão em escala de acomodação. - Julho, além de ser um mês em muitas safras acabam, marcou também o início do processo de aceleração de crise financeira e isso teve um reflexo, ainda que psicológico nos preços. Após essa alta, a sequência foi de acomodação dos preços como estamos vendo na pesquisa - analisa, reforçando que o consumidor está retraído e a queda pode continuar até o mês de dezembro.