Safra - Queda dos preços dos grãos pode levar a uma crise de abastecimento
Data:
08/12/2008
Quando se pensava que a crise dos preços alimentícios estava morta e enterrada, volta a ser oportuna a hora de começar a se preparar para um novo período de dificuldades. Caso os principais estudiosos na Organização das Nações Unidas (ONU) estejam corretos, o problema dos alimentos não terem preços acessíveis para consumo da população poderá voltar como um pesadelo recorrente.
A razão do problema? Os atuais preços "baixos" dos grãos poderão fazer com que o volume da produção de alimentos regridam do próximo ano. Essa situação é engraçada porque preços baixos para alimentos eram exatamente o que a maioria das pessoas, principalmente políticos e ativistas, desejavam há alguns meses quando os preços de alguns grãos atingiram níveis recorde. Mas por uma estranha ironia o recente colapso nos preços das commodities agrícolas básicas como milho, trigo e soja poderá realmente lançar as sementes de uma nova crise alimentar já no próximo ano, segundo um relatório de outubro da Organização para a Agricultura e a Alimentação das Nações Unidas (FAO na sigla em inglês). Recuo Os preços do trigo recuaram para cerca de US$ 4,75 o bushel ontem, frente a US$ 13 no início do ano. O milho baixou para US$ 2,93 em relação à alta do ano de US$ 8, e a soja é vendida a US$ 7,87 o bushel, em comparação com US$ 16 anteriores. Tais preços "podem significar um retrocesso no plantio seguido por colheitas menores nos principais países exportadores", disse o relatório Perspectivas de Colheita e Situação Alimentar. "Diante dos contínuos estoques baixos de grãos esse cenário poderá conduzir para uma outra rodada de recordes de preços alimentícios em 2009, uma catástrofe para as milhões de pessoas que então estarão com pouco dinheiro e sem acesso ao crédito". Os estoques de grãos estão bastante baixos se for levar em conta os parâmetros históricos. Estimativas recentes de Mike Woolverton, economista agrícola da Universidade do estado de Kansas (EUA), projetam que até o final da atual época de desenvolvimento das colheitas os estoques de milho nos Estados Unidos totalizarão cerca de 33 dias de consumo, muito menos do que o normal de 44 dias. A história se repete com a soja, cujos estoques estão para 26 dias de consumo, em comparação com cerca de 37 dias anteriores. Woolverton considera os estoques de trigo, para três meses, adequados, mas alerta que alguns deles são de qualidade inferior, destinados apenas para o gado, o que deixa o trigo usado para pão e outros cozimentos com fornecimento relativamente pequeno. Os produtores agrícolas sabem que os níveis de estoque estão relativamentre baixos, mas mesmo assim provavelmente farão em termos econômicos o que os preços baixos dos grãos lhe dizem para fazer: orientar produtores a produzir menos.
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Quando se pensava que a crise dos preços alimentícios estava morta e enterrada, volta a ser oportuna a hora de começar a se preparar para um novo período de dificuldades. Caso os principais estudiosos na Organização das Nações Unidas (ONU) estejam corretos, o problema dos alimentos não terem preços acessíveis para consumo da população poderá voltar como um pesadelo recorrente. 