Registro - Cooperativas rurais terão mais R$ 2 bilhões
Data:
08/12/2008
O ministro da Agricultura explicou que a intenção é garantir capital de giro para as cooperativas em meio à crise financeira internacional. O governo pode anunciar nesta semana um refresco para o caixa das cooperativas agrícolas, com a oferta de até R$ 2 bilhões em financiamentos para os cooperados. O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, que defende o aporte de recursos, explicou que a intenção é garantir capital de giro para as cooperativas em meio à crise financeira internacional que reduziu a oferta de crédito para o setor produtivo. "No caso do Centro-Sul, as cooperativas respondem por 50% da produção agrícola, por isso a importância de irrigá-las com crédito", afirmou. A liberação de recursos para os cooperados é medida complementar ao anunciado há duas semanas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que elevou de R$ 35 milhões para R$ 50 milhões o limite de crédito do Programa de Desenvolvimento Cooperativo para Agregação de Valor à Produção Agropecuária (Prodecoop). O conselho também autorizou o financiamento para capital de giro dissociado de investimento na safra 2008/2009, prática que estava proibida desde o primeiro semestre do ano. A fonte dos recursos para empréstimo ao setor cooperativista é o caixa de Tesouro e tem taxa de juro de 6,75% ao ano. Além do apoio extra ao setor cooperativista, a expectativa é de que o governo anuncie nos próximos dias a inclusão do setor de criação animal na desoneração prevista pelo drawback verde-amarelo, o que permite o desconto de impostos federais pagos na compra, no mercado interno, de matérias-primas e componentes de mercadorias vendidas no exterior. Hoje, a suspensão da cobrança de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), da Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (Cofins) e do Programa de Integração Social (PIS) vale apenas para produtos industriais. No caso específico da avicultura de exportação, a isenção de PIS e da Cofins sobre as aquisições de milho, farelo de soja e outros nutrientes, que representam os principais custos da atividade avícola no Brasil, vai trazer competitividade ao setor. "Essa desoneração é muito importante para o setor, principalmente na atual conjuntura de crise, onde precisamos aumentar a competitividade de um dos principais produtos exportados pelo Brasil, a carne de frango", avaliou o presidente da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frangos (Abef), Francisco Turra. Enquanto avalia qual é a melhor alternativa jurídica para fazer a inclusão da ração animal no drawback verde-amarelo, o governo também estuda a possibilidade de liberar recursos para capital de giro das empresas misturadoras de fertilizantes, que demandam R$ 2,5 bilhões. Esses grupos precisam de dinheiro porque os agricultores não têm dinheiro para comprar fertilizantes. O Ministério da Agricultura estima que as empresas tenham 6,8 milhões de toneladas de fertilizantes em estoque, volume considerado elevado. Boa parte desse produto foi importada quando o preço internacional estava alto, o que dificulta ainda mais as vendas. Também está na pauta do governo a adoção de medidas de apoio aos agricultores de Santa Catarina, onde metade da safra de feijão foi perdida por causa das enchentes. Nível de emprego no campo é o melhor desde 2004 no Brasil O nível de emprego no campo deve fechar este ano com saldo positivo de aproximadamente 33 mil vagas, melhor resultado desde 2004, quando a diferença entre contratações e demissões nas propriedades rurais foi positiva em cerca de 60 mil postos de trabalho. Uma conjunção de fatores, entre eles o clima favorável para o desenvolvimento das lavouras e um bom nível de preços das commodities no mercado externo, incentivou as contratações em 2004. Em média, o nível de empregos soma quatro milhões de pessoas em vagas permanentes e 1,3 milhão de postos temporários. O resultado positivo esperado para 2008 pode não se repetir no ano que vem devido à crise financeira internacional que traz incertezas sobre o ritmo dos preços dos produtos agrícolas brasileiros no exterior. "Para a cana-de-açúcar e o café, por exemplo, se os preços não estiveram bons, muitas áreas marginais podem deixar de ser colhidas", explica o assessor-técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Luciano Carvalho. Ele lembrou ainda que muitos produtores de cana podem deixar de replantar áreas, prática comum que tem início no final do ano, se os preços internacionais do açúcar e do álcool não estiverem em um nível que remunere os custos de produção. Técnicos do governo lembram que os problemas climáticos verificados nas últimas semanas na região Sul do País podem comprometer o nível de contratação de trabalhadores no campo no primeiro trimestre de 2009, quando as lavouras são colhidas. Carvalho, da CNA, lembra que a necessidade de mão-de-obra nas lavouras de café e nos canaviais cresce entre os meses de maio e junho, quando os trabalhos de corte da cana e de colheita dos cafezais são mais intensos. Nos dois primeiros meses do ano, as atividades agrícolas que mais empregam estão ligadas à fruticultura, especialmente no Sul do País. Em março, as lavouras de grãos são as que mais empregam. É nesse período que o setor agrícola absorve mão-de-obra descartada por outros setores.