Companhia Nacional de Abastecimento prevê crescimento de 52 da produção estadualEm época de incertezas, o Rio Grande do Sul recebeu ontem uma boa notícia: a projeção do governo federal é de que esta safra gaúcha seja 5,2% maior do que a anterior. Entre os Estados, é um dos índices mais animadores do levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que prevê para o país todo redução de 2,5% na produção. Para manter o otimismo em relação à colheita gaúcha, falta agora uma trégua da estiagem. O estudo da Conab aponta a Região Sul como a principal responsável por empurrar a safra brasileira de grãos a 140,276 milhões de toneladas. Caso se confirme, será a segunda maior colheita brasileira na história. No Sul, as previsões se baseiam no aumento da área plantada, puxadas pelo Estado, enquanto o crescimento estimado para Paraná e Santa Catarina é menor, de 1,5%. O Rio Grande do Sul ainda pode alcançar as projeções positivas, destaca a diretora técnica da Emater, Águeda Marcéi Mezomo, apesar da quebra de 10% no milho – porque faltou chuva para a floração e a formação dos grãos. Segundo Águeda, as regiões mais afetadas são Missões, Fronteira e Noroeste. – Na soja, ainda não se prevêem perdas. É uma cultura que não está sofrendo com o problema, mas tudo vai depender do que acontecer nos próximos dias – avalia Águeda. Conforme a Emater, 62% da área de soja já está plantada. Existe preocupação também com o arroz, especialmente nas lavouras não-irrigadas. Até agora, segundo a Conab, o Rio Grande do Sul é uma das raras exceções de aumento de produtividade, com Santa Catarina, Rio de Janeiro e Amapá. Nos campos gaúchos, a alta prevista é a segunda maior, de 1,8%, atrás apenas do Rio de Janeiro, com 4,6%. – Os custos frearam o investimento. O produtor usou o mínimo necessário – afirmou o gerente de Desenvolvimento e Suporte estratégico da Conab, Ernesto Irgang, observando que a restrição de crédito também foi mais grave no Centro-Oeste. Além do estrago já provocado até agora, o que mais preocupa os produtores é a perspectiva de um verão quente, com chuva abaixo da média – mas ninguém sabe quanto. – Ainda tem plantio pela frente. O ideal é ter chuva abundante e bem distribuída, e essa não é a expectativa. O crescimento apontado no período de 17 a 21 de novembro pode não se confirmar – adverte Irgang. Otimista, o secretário estadual da Agricultura, João Carlos Machado, acredita que será possível atingir avanço na safra próximo do projetado: – O mais crítico é o milho, mas há previsão de chuva, o que já ajuda. Estael Sias, meteorologista da Central de Meteorologia RBS, avisa que a chuva vai chegar forte – entre 70 e 80 milímetros –, mas há risco de vendaval e granizo, o que pode prejudicar as folhas do fumo e o milho ainda em floração. Na estimativa de colheita do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no país, a redução chega a 3,8%. Atento aos sinais do campo, o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, admitiu ontem que a produção pode cair até 5%.