Produtores de soja do Maranhão estão com dificuldade para conseguir crédito. Os bancos estão exigindo licenças ambientais para liberar o dinheiro, o que quase ninguém tem. O avanço da soja no sul do Maranhão foi feito nos últimos anos com forte apoio das empresas multinacionais. Como o crédito oficial para a soja é limitado, os produtores da região de Balsas recorreram ás empresas estrangeiras para levantar os recursos. Este ano, com a crise financeira internacional, o dinheiro dessas empresas diminuiu muito. Os produtores reclamam que estão sem alternativa. O crédito oficial agora ficou impossível. Sem crédito nas empresas americanas a maioria dos agricultores não tem como tomar dinheiro emprestado nos bancos brasileiros porque não cumpriu as leis ambientais. O volume de crédito dobrou em uma agência bancária de São Domingos do Azeitão, mas a maioria dos agricultores volta de mãos vazias. "Quando chegam, primeiramente, a gente que o produtor tem que ter autorização de desmate e ter as licenças ambientais. Então, tudo regularizado junto aos órgãos externos do meio ambiente, aqui dentro o crédito fica fácil. Sem isso, não passa. O banco não aceita, não coaduna com a ilegalidade ambiental dos produtores rurais”, explicou Rogério Rocha, gerente do banco. Fiscais do Ibama vasculham o cerrado para medir as áreas de preservação permanente e as reservas legais. A partir de janeiro, os produtores de soja ficam obrigados a registrar estas áreas em cartório. Caso contrário, estarão sujeitos a pagamento de multas. Nesta região do cerrado é preciso conservar 35% da mata. "A partir de janeiro já vai se começar a cobrar a averbação das reservas legais e, consequentemente, as áreas de preservação permanente vão ter que estar delimitadas e preservadas", falou Raimundo José Santos, analista ambiental. O vice-presidente do Sindicato dos Produtores de Balsas, Antídio Sandri, critica as novas exigências. "Eu concordo que a legislação ambiental precisa ter, mas isso tem que ser com mais prazo, com mais tempo. As coisas sempre foram, ao longo dos séculos, para fazer o desmatamento liberadas. E tudo a vontade. Os militares quando estavam no poder mandavam os brasileiros invadirem a Amazônia para poder ficar dono. Hoje, chega outro tipo de governo e quer que tire todo mundo que não é para derrubar mato”, disse. O presidente Lula assinou na quarta-feira um novo decreto que regulamenta a lei dos crimes ambientais. Ele foi negociado pelo governo com os deputados da bancada ruralista. O texto amplia em um ano o prazo, que vencia agora em janeiro, para o registro da reserva legal.