Feijão - Safra de feijão já perdeu 4,61% da área plantada na região dos Campos Gerais/PR
Data:
30/12/2008
De acordo com o Iapar, em novembro e dezembro deveria ter chovido um volume em torno de 175 milímetros no campo, mas as chuvas variaram entre 20 e 40 milímetros
Devido ao período de estiagem registrado desde o início de novembro deste ano em toda a região dos Campos Gerais, com poucas chuvas e de forma irregular, 4,61% da primeira safra de feijão (ou "feijão das águas") já estão perdidas. De um total de 65 mil hectares plantados, três mil hectares já estão comprometidos, e, dos 62 mil hectares restantes, as perdas chegam a uma média de 45% (variação entre 20% e 70%). A informação é de José Roberto Tosato, chefe do Departamento de Economia Rural do núcleo regional da Secretaria de Estado de Agricultura e Abastecimento (Deral/SEAB/PR). Segundo ele, a previsão inicial era uma produção de dois mil quilos de feijão por hectare. "Hoje, essa produção baixou pela metade, em torno de mil quilos por hectare. É uma perda irreversível", diz.
De acordo com o Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), o ideal era que tivesse chovido na região, durante os meses de novembro e dezembro, em torno de 175 milímetros. Tosato explica que, em novembro, na zona urbana de Ponta Grossa choveu uma quantidade parecida – perto de 170 milímetros. Mas, no campo, as chuvas variaram entre 20 e 40 milímetros. Com o forte calor que fez nesse período – entre 25 e 35 graus centígrados –, houve muita evaporação e a planta aproveitou muito pouco dessa água. "Isso tira toda a umidade do solo e não há água suficiente para a sustentação da planta. Estamos numa época crítica e sensível à estiagem. Em Tibagi e Ventania, por exemplo, não choveu nessa período. Em geral, as chuvas foram muito abaixo do mínimo necessário", explica. Tosato afirma que é uma época difícil para as culturas de feijão e milho – que estão em fase de floração ou no início da frutificação –, para o crescimento da soja e também para a batata.
"Já é uma das grandes secas do Paraná, talvez maior do que a de 2005", afirma o produtor rural José Fernando de Paula, presidente da Sociedade Rural dos Campos Gerais. "Se não chover de forma imediata, pelo menos a soja ainda poderá ser recuperada, mas as culturas de milho e feijão já estão perdidas".
Outras culturas
A cultura do chamado "milho normal", cuja safra foi plantada entre agosto passado e início deste mês, havia uma estimativa de plantar em torno de 180 mil hectares. De acordo com Tosato, "ele germinou bem, desenvolveu bem, mas, com a estiagem, já foi registrada uma perda média irreversível em torno de 25% na produtividade".
No caso da soja, de um total de plantio estimado em 435 mil hectares, 5% ainda faltam ser plantados. "Já houve perda de uma área de aproximadamente dois mil hectares, que terá de ser replantada. A soja germinou, começou a crescer e morreu por falta d’água", conta. Apesar dessa perda, Tosato afirma que ainda não existe "fase crítica" na cultura de soja, por enquanto, "mas falta chuva para o desenvolvimento vegetativo". "Ainda não dá para se falar em perda, mas o crescimento está atrasado devido à ausência de chuva. Se normalizar daqui para a frente, ainda normaliza, mesmo com alguma perda", diz.
A colheita da cultura de batata já está em fase bastante avançada. Segundo Tosato, já foram colhidos 70% do total plantado. "Mas está havendo perda de qualidade por falta d’água com conseqüente queda no preço. E a batata, por ser tubérculo, é composta de muita água", explica. A área estimada de plantio da batata é de 2,1 mil hectares, com produtividade de 30 mil quilos por hectare.
‘Ferrugem asiática’ foi erradicada há 3 meses
Devido a um controle fitossanitário realizado em todo o Estado pela Seab/PR entre os dias 15 de junho e 15 de setembro deste ano para a erradicação da "ferrugem asiática", essa doença não afetou a cultura de soja em Ponta Grossa. "Enquanto não temos a planta em pé, a doença não fica instalada. A Seab/PR pediu para que todos os produtores fizessem um controle para que a doença não ‘migrasse’ para a safra de verão", explica Tosato.
"Mas pode ser que, com mais umidade, a ferrugem asiática reapareça", alerta Tosato – muito embora ele admita que a probabilidade de isso acontecer seja pequena. "É uma chance mínima, mas não impossível. Por exemplo, alguém que venha de fora do Estado pode trazer o vírus".