Tempo - Estiagem no Rio Grande do Sul castiga lavouras de milho e soja
Data:
30/12/2008
A estiagem que se estende por quase 50 dias no Rio Grande do Sul e que já colocou 23 municípios em situação de emergência tem acarretado perdas irreversíveis nas lavouras de verão. A quebra no milho já chega a 50% na região Noroeste, considerada a mais afetada em todo o Estado. A média de chuvas em dezembro, na região de Passo Fundo, que em situações normais atinge os 161,5 milímetros, não ultrapassa agora os 77 milímetros.
"A situação é muito grave, pois não há previsão de chuvas satisfatórias até o final do ano", afirmou o assistente técnico da Emater, Cláudio Doro. Segundo ele, os registros são apenas de chuvas esparsas e muito localizadas, típicas precipitações de verão. Apesar da seca, a produção total esperada para o Estado ainda é mantida em 5,45 milhões de toneladas, devido ao aumento da produtividade média esperada em regiões onde a deficiência hídrica não se faz sentir com a mesma intensidade ou mesmo inexiste.
No caso da soja, historicamente é o mês de fevereiro que costuma fixar a safra gaúcha. Caso as condições meteorológicas se alterem até esse período, as lavouras poderão recuperar seu potencial. No caso da oleaginosa, as perdas se devem ao atraso no replantio e à germinação desparelha, que devem prejudicar a produtividade. "Ainda não temos as perdas quantificadas, mas com certeza teremos uma safra de soja diminuta", avalia Doro. Além da estiagem, as lavouras devem ser prejudicadas pela diminuição do uso de fertilizantes por parte dos produtores. Os altos custos dos insumos fizeram com que muitos optassem por reduzir a tecnologia no campo, considerado como o segundo fator em importância para uma boa produtividade. "É outro problema que aliado ao clima irá levar à redução da safra", afirmou.
Outra cultura que também está apresentando dificuldades é a do feijão, que já acumula perdas de até 30% em produtividade, em função da estiagem. Conforme o informe conjuntural da Emater, cerca de 20% das lavouras de feijão se encontram em floração, e, se as condições de deficiência hídrica persistir, a produtividade tenderá a diminuir.
Precipitação acumulada em dezembro Município Milímetros Média Histórica Desvio(%) Iraí 81,1 153,0 -47,0 São Luiz Gonzaga 20,1 179,0 -88,8 Cruz Alta 59,5 146,0 -59,2 Passo Fundo 46,6 161,0 -71,1 Lagoa Vermelha 55,8 145,0 -61,5 Caxias do Sul 68,5 163,0 -58,0 Santa Maria 11,0 132,0 -91,7 Porto Alegre 90,9 101,0 -10,0 Uruguaiana 8,6 101,0 -91,5 Livramento 50,0 113,0 -55,8 Bagé 90,3 102,0 -11,5 Pelotas 63,0 96,0 -34,4 Santa Vitória do Palmar 63,4 85,0 -25,4 Média 54,5 129,0 -54,3