Sustentados pela forte demanda da China, os embarques americanos de soja em grão superaram as projeções na semana encerrada em 25 de dezembro e reforçaram as expectativas de que podem oferecer algum fôlego adicional aos preços internacionais da oleaginosa, que lidera a pauta de exportações do agronegócio brasileiro. Conforme o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), o país vendeu ao exterior 512 mil toneladas no período em questão (510,6 mil referentes à colheita desta safra 2008/09), e desse total semanal os chineses ficaram com 356,5 mil toneladas. Analistas previam vendas consolidadas entre 250 mil e 450 mil toneladas. Na bolsa de Chicago, os contratos futuros com vencimento em março (que ocupam a segunda posição de entrega, normalmente a de maior liquidez) passaram boa parte da sexta-feira em alta com a ajuda do novo dado - e também do petróleo -, mas terminaram em baixa com as previsões de chuvas para regiões produtoras secas da Argentina. Os papéis fecharam US$ 9,77 por bushel, queda de 3 centavos de dólar sobre o dia 31. Também mantiveram-se firmes as exportações de trigo dos EUA. Os números do USDA mostraram vendas de 418,1 mil toneladas na semana até 25 de dezembro, 65% acima do patamar do intervalo imediatamente anterior. O mercado esperava entre 100 mil e 200 mil toneladas. Essa notícia, ao lado de ajustes técnicos e do boletim da Bolsa de Cereais de Buenos Aires que ajustou de 9,7 milhões para 9,3 milhões sua previsão para a atual colheita na Argentina, provocou valorização em Chicago. Os papéis para maio (segunda posição) subiram 0,25 centavos, para US$ 6,2375 por bushel. No mercado de milho, o efeito do relatório de exportações semanais do USDA foi inverso, uma vez que o número divulgado frustrou os traders de Chicago. Conforme o órgão, os embarques americanos do grão alcançaram 269,9 mil toneladas na semana até 25 de dezembro, ante as 551,4 mil da semana anterior e abaixo do que esperavam os analistas (entre 250 mil e 450 mil). Apesar da notícia "baixista" , os contratos para maio (segunda posição) subiram 5 centavos de dólar na sexta-feira em Chicago, para US$ 4,2275 por bushel, neste caso diretamente influenciados pelos ganhos do petróleo e também alavancados por um movimento de cobertura de posições. A forte influência do petróleo na formação dos preços das principais commodities agrícolas negociadas no mundo, tônica em 2007 e 2008, inicia 2009, assim, sem sinais de arrefecimento. E para analistas como Antonio Sartori, da corretora gaúcha Brasoja, assim será ao longo de todo o ano. "O nome do jogo é "energia"", repete.