Apesar de vizinhos, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, os dois principais produtores de arroz do país, têm vivido problemas climáticos distintos. No lado gaúcho, a seca em algumas regiões já exigiu o replantio em parte das lavouras e, no catarinense, o excesso de chuvas na maior área produtora acendeu o alerta nas plantações. Nos últimos dias, o receio maior ocorre em Santa Catarina. A região sul, responsável por 35% da produção estadual, poderá ter perdas, ainda não estimadas. Onze municípios do Estado já decretaram situação de emergência, todos eles localizados no sul catarinense. Segundo Eclair Coelho, gerente regional da Empresa de Pesquisa Agropecuária e de Extensão Rural (Epagri) em Araranguá, entre 15 mil e 20 mil hectares de arroz sofreram com alto volume de água por conta da inundação do rio Araranguá, mas ainda não é possível precisar as perdas. "A água está baixando com rapidez. Se em três dias baixar e não houver muito lodo, a maior parte da produção pode ser recuperada", disse. Na regional da Epagri em Criciúma, os impactos não foram tão significativos, afirma o gerente Renato Bez Fontana. Dos cerca de 20 mil hectares de arroz irrigado da região, apenas 1 mil sofreram inundações. Na área afetada, a estimativa é de perda entre 20% e 30%. "O problema seria maior se estivéssemos na etapa de formação do grão", diz Fontana. O plantio do arroz ocorre no sul do Estado entre setembro e novembro, com a colheita no mês de março. A produção é feita em sua maior parte por pequenos agricultores. Do lado gaúcho, mais de 25 mil hectares na fronteira oeste do Estado, ou 7% da área dedicada ao arroz na região, que sofre com a escassez de chuvas, precisaram ser replantados. "Rio Grande do Sul e Santa Catarina estão com um clima antagônico. Há seca e enchente a uma distância de 200 quilômetros", diz Marco Aurélio Tavares, assessor de mercado do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga). A seca também assola os arrozais do Uruguai, o que tende a beneficiar os produtores gaúchos. No Estado, afirma Tavares, apesar dos problemas climáticos, ainda não é possível prever queda na produção. "A safra pode ser considerada normal, mas, mesmo com área maior, a produção vai, no máximo, empatar com a da passada", diz.