O plantio das lavouras de soja, algodão e milho, as três principais culturas do pólo agrícola do oeste baiano, foi concluído nos últimos dias de dezembro, e a perspectiva é de bom desenvolvimento das culturas. Em um momento de crise econômica, incerteza nos preços em uma safra que, no período de plantio, foi marcada por escassez de crédito e disparada dos preços dos insumos, a projeção é um alento para os produtores da região. Chuvas acima do normal entre o fim de novembro e o início de dezembro chegaram a interromper o plantio por até uma semana em algumas áreas, mas houve tempo para que o atraso pudesse ser recuperado sem prejuízo do desenvolvimento das plantas, o que poderia derrubar a produtividade. "Estamos com chuvas regulares e isso deve se manter. A fotografia da safra é um pouco melhor do que o que se pintava no momento do plantio", avalia Walter Horita, presidente da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba). Os contratempos dos agricultores não são desprezíveis, mas o dirigente não acredita que o cenário seja tão catastrófico para a agricultura quanto o que tem sido apresentado no mercado. "Eu acho que as coisas vão se resolver mais rapidamente do que se espera. Isso não é otimismo. Tem a ver com os fatos", afirma. Horita assumiu a presidência da Aiba no lugar de Humberto Santa Cruz (PR), que deixou o comando da entidade para assumir a prefeitura de Luís Eduardo Magalhães. Os fatores a sustentar o argumento do dirigente estão ligados especialmente ao quadro de oferta e demanda das principais commodities agrícolas em 2009. "Os preços de soja e milho começaram a se recuperar, apesar da queda de hoje [ontem], que é menor que a alta de terça-feira", diz. "Os estoques no mundo não evoluíram. Isso deve ajudar a sustentar os preços". Como o plantio das três principais culturas do oeste baiano estendeu-se até o fim de dezembro, a Aiba ainda está finalizando as contas sobre área ocupada e as projeções de produção e produtividade. É possível que o algodão tenha perdido entre 6% e 7% da área ocupada na safra 2007/08, segundo levantamentos preliminares. Na safra passada, a cultura ocupou 293,4 mil hectares, de acordo com a Aiba. Parte do terreno foi cedido à soja, que estava com preços mais convidativos aos produtores. Os dados de dezembro da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e da Aiba são divergentes. Segundo a associação, a cultura ocupou 935 mil hectares no ciclo 2007/08. A Conab, que apresentará novo relatório hoje, projetou aumento da área de soja de 1,4% na Bahia, para 917 mil hectares. Para o milho, que ocupou 185 mil hectares na safra passada, é esperada pouca mudança. (PC)