Safra - Relatório do Usda surpreende mercado e grãos despencam na Bolsa de Chicago
Data:
13/01/2009
O primeiro relatório do ano divulgado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda, sigla em inglês) surpreendeu os investidores com o aumento na expectativa de produção mundial de grãos e derrubou as cotações das principais commodities ontem. Analistas explicam que o mercado esperava projeções maiores para o volume de soja exportado pelos Estados Unidos. No entanto, houve uma correção para cima na produção americana e a projeção de exportações subiu, mas mesmo assim ficou abaixo do esperado. Com isso, os contratos para março da soja fecharam no menor patamar do ano. Os papéis fecharam no limite de baixa cotados em US$ 9,66, desvalorização de 6,75%.
O estudo mostra uma produção mundial de soja em 233,2 milhões de toneladas, 1,45 milhão de toneladas superior ao relatório de dezembro e crescimento de 5,5% em relação à 2007. No total, são esperados 2,22 bilhões de toneladas de grãos, 9 milhões de toneladas a mais que o último relatório. As exportações da oleaginosa americana saltaram de 5,5 para 6,1 milhões de toneladas.
David Gonçalves, analista da FCStone, revela que tradicionalmente o relatório de janeiro não altera números de produção. "Normalmente, só mudam as projeções de exportações. No entanto, aumentaram a área plantada nos EUA e a previsão de volume exportado pelo país ficou abaixo do que o mercado previa. Essas vendas vinham em um ritmo muito forte até o final de 2008". Além disso, o analista observa que a redução de apenas 1 milhão de toneladas na estimativa da safra argentina, que continua sendo castigada pela estiagem, contrariou as expectativas. O estudo estima que o país vizinho colherá 49,5 milhões de toneladas.
"Sem contar que eles nem mexeram na produção do Brasil, que provavelmente será menor por causa da redução de tecnologia no Mato Grosso e da seca no Rio Grande do Sul", conta Gonçalves. A produção para o Brasil continua em 59 milhões de toneladas.
O aumento de quase 6 milhões de toneladas na produção mundial de milho abriu mais espaço para o recuo da soja, na opinião de Gonçalves. Segundo o Usda, a estimativa subiu de 785,9 milhões de toneladas em dezembro para 791 milhões de toneladas em janeiro. O maior aumento na produção foi nos EUA, que passou de 305,3 para 307,3 milhões de toneladas na comparação com o último relatório. Por esse motivo, os contratos do milho para maio ficaram em 391,25 centavos de dólar o bushel (25,4 quilos), queda de 7,1%.
O algodão seguiu a expectativa dos analistas de redução no consumo mundial e registrou um recuo de pouco mais de 1 milhão de toneladas na pluma, de 232,5 para 231,1 milhões de toneladas. Miguel Biegai, analista da Safras & Mercado, explica que as notícias negativas sobre a economia e o crescente índice de desempregados aumentam as preocupações em torno da demanda pela fibra. Os contratos da pluma com vencimento em maio fecharam em 47,37 centavos de dólar a libra-peso, queda de 4,9%. "A recessão que atinge economias grandes como os Estados Unidos, o Japão e a União Européia atinge a fibra em cheio".
A expectativa de produção para o trigo ficou em 682,8 milhões de toneladas, cerca de 1 milhão de toneladas abaixo do relatório anterior. Mesmo com os fundamentos positivos, a commodity acompanhou os grãos e caiu 9,3%, cotada a 582,25 centavos de dólar o bushel.