Registro - Produtores rurais voltam a bloquear estradas
Data:
16/01/2009
Poucas semanas depois de avisarem o governo de Cristina Fernández Kirschner que não iriam mais causar tumultos e que esperavam ajuda oficial para enfrentar os efeitos da rigorosa seca que atinge os países do sul da América do Sul, os agricultores argentinos bloquearam ontem uma estrada em protesto contra a política agropecuária do governo. A condução da política agrícola foi o que motivou o longo conflito entre Buenos Aires e os produtores rurais ao longo de todo o ano passado.
Sensível às dificuldades enfrentadas no campo, a presidente da Argentina lançou na quarta-feira um plano de créditos baratos e outros benefícios. Muitos agricultores porém consideraram que as medidas insuficientes para reverter as perdas que estão sofrendo. "Ou há soluções pontuais a serem oferecidas ao setor. Caso contrário, o conflito com o governo poderá se agravar", advertiu Eduardo Buzzi, presidente da Federação Agrária da Argentina (FAA). "Hoje temos apenas a intenção de chamar a atenção do governo nacional e da opinião pública", declarou Buzzi.A FAA é a mais radical dentre as quatro entidades rurais que em 2008 estabeleceram uma intensa disputa com o governo. A televisão argentina mostrou imagens de produtores rurais - aos quais se somaram grupos de trabalhadores da área - tomando a rota 9 na província de Santa Fe, no centro agrícola do país, o que gerou um engarrafamento de centenas de veículos. O setor rural, castigado nos últimos meses pela acentuada queda dos preços das commodities, enfrenta ainda uma grave seca, que já provocou grandes perdas na safra de grãos e na produção pecuária da Argentina, um dos maiores fornecedores mundiais de alimentos. A dura disputa travada pelos agricultores com o governo federal em 2008 foi motivada pela iniciativa oficial de aumentar o imposto sobre as exportações de soja, principal cultura do país para conter o avanço da inflação.
Após meses de greves rurais, bloqueios de estradas e massivas manifestações que mergulharam o governo em uma crise, o tributo foi suspenso pelo Congresso, mas a relação entre a presidente e os produtores não melhorou. (Reuters)