Milho - Milho sobe e governo suspende apoio
Data:
22/01/2009
O governo dá por encerrada a ajuda à comercialização do milho nesta safra. Os leilões de Prêmio de Escoamento de Produto (PEP), realizados até a semana passada conseguiram enxugar o excesso de oferta de milho no Mato Grosso e os preços de mercado voltaram a superar o valor mínimo de R$ 11 a saca, referência para a comercialização sem prejuízos ao produtor. ‘‘Ainda faremos uma reunião com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), mas hoje, com o preço acima do mínimo, ao redor de R$ 14/saca, a avaliação é de que não precisamos mais fazer (leilões)’’, disse José Maria dos Anjos, diretor do Departamento de Comercialização e Abastecimento do Ministério da Agricultura. &8194;&8194;Segundo ele, só em contratos de opção de venda – mecanismo pelo qual o produtor compra o direito de vender milho ao governo por um preço determinado – a Conab adquiriu o equivalente a 1,590 milhão de toneladas de milho da safra 2007/08. José Maria não soube dizer se todo esse volume será efetivamente entregue – os contratos têm datas de exercício diferentes e alguns ainda não venceram. Mas representantes de produtores e cooperativas afirmam que os preços oferecidos – R$ 14,38/saca – continuam sendo atraentes.
Trigo O apoio à comercialização do trigo continua nesta semana, com novo leilão de PEP hoje para 120 mil toneladas, mas a reação dos preços internos nas últimas semanas pode ser um indicativo de que o mercado começa a se autorregular sem a necessidade do subsídio governamental. Os moinhos estão retomando as compras após as férias e, com restrição de oferta na Argentina, têm demandado mais trigo nacional. &8194;&8194;De acordo com José Maria, como parte da reação dos preços internos deve-se aos leilões de PEP – que têm oferecido subsídio de R$ 178 a tonelada para que o trigo seja transferido da região produtora no Sul do País para centros consumidores do Nordeste ou mesmo para a exportação – a decisão de realizar novos pregões será avaliada a partir da sexta-feira. Os últimos leilões tiveram demanda para 100% da subvenção, disputados em parte por moinhos do Nordeste, para os quais, sem a ajuda do governo, é mais vantajoso importar o trigo do que buscá-lo no Paraná ou no Rio Grande do Sul, devido aos altos custos da cabotagem. &8194;&8194;Para o governo, a ajuda dada até agora à comercialização do cereal respondeu ao compromisso feito aos triticultores de que o preço mínimo seria assegurado em troca de um maior investimento na cultura, para reduzir a dependência brasileira do trigo importado. Até o ano passado os moinhos importavam quase 70% das suas necessidades do grão; para este ano a projeção é de que as compras externas possam ficar em torno dos 40% do consumo total. Conjuntura definirá tamanho da ajuda aos grãos De acordo com diretor de Comercialização e Abastecimento do Mapa, José Maria dos Anjos, para a safra 2008/09 a conjuntura internacional determinará o tamanho da ajuda aos grãos, que na última safra ficou concentrada no milho e no trigo por conta da colheita recorde e da pressão sobre os preços. A primeira safra de milho 2008/09 foi atingida pela seca nos Estados do Sul, Mato Grosso do Sul e São Paulo e virá menor do que o esperado, o que tem sustentado os preços do grão neste período pré-colheita. Para a safrinha, que começa ser cultivada no fim deste mês tanto no Paraná quanto no Mato Grosso - os dois maiores produtores do grão na segunda safra, com 60% da produção total - o cenário é distinto. A alta dos preços animou os paranaenses e a expectativa é de que repitam a área plantada no ano passado, e consigam recuperar os prejuízos neste verão. Já os mato-grossenses alegam que os insumos seguem caros, o que deve resultará em queda de 30% na área plantada, e do menor uso de tecnologia. Para José Maria, é preciso aguardar para ver como será de fato o plantio. O produtor muda de ideia muito rapidamente, o que é muito bom. No caso do milho dois fatores estão contribuindo para sustentar os preços: a quebra de safra no Sul e um aumento das exportações, diz. Segundo ele, se o Brasil exportar as 8 milhões de toneladas previstas para este ano, o excedente de oferta de milho no mercado interno não será tão grande a ponto de pressionar as cotações. No caso do trigo, os preços a partir de março serão determinantes. (Agênci Estado)