Trigo - Quebra da safra de trigo da Argentina vai a 50% com a estiagem
Data:
23/01/2009
A seca não para de castigar as lavouras da Argentina e os reflexos da quebra de safra do país são imediatos para os produtores brasileiros. A cadeia do trigo é a que tem sido mais impactada. Um novo relatório divulgado pela Secretaria de Agricultura da Argentina reduziu ainda mais a estimativa de safra, para 8,3 milhões de toneladas ante 16 milhões colhidos na temporada passada. Agora a quebra é da ordem de 50%. De acordo com o levantamento, as altas temperaturas aliadas ao baixo uso de fertilizantes resultaram numa perda de área equivalente a 460 mil hectares. Com a forte retração na oferta do seu principal fornecedor, os moinhos brasileiros já falam em aumento nos preços da farinha. No setor produtivo, que até meados de dezembro lamentava os preços e planejava reduzir a próxima safra, agora surge novos polos de plantio de cereal. O Estado do Mato Grosso deve contar com um incremento na produção de trigo a partir de julho, com a reabertura de um moinho em Cuiabá. O anuncio foi feito essa semana por Neldo Egon, secretário de Desenvolvimento Rural do MT. Hoje o estado importa toda a farinha que consome. No Brasil, os preços do trigo continuam firmes, sustentados pela retomada do interesse de compradores domésticos por maiores volumes. "Observa-se que as indústrias de massas e biscoitos têm apresentado maior interesse por farinha, fazendo com que os moinhos aumentassem a demanda por matéria-prima", afirma a análise de mercado feito pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). A cadeia da soja no Brasil também observa atenta o andamento da safra argentina cujas perdas recentes têm ditado o humor das cotações na Bolsa de Chicago. O governo local reduziu a estimativa de área da oleaginosa para 16,5 milhões de hectares, ante 17,8 milhões na previsão de dezembro. Nesse caso, a quebra da safra ajudaria os produtores brasileiros já que a Argentina apresenta-se como concorrente no mercado internacional. Em razão das novas perdas do setor uma comissão de entidades agropecuárias da Argentina enviou uma carta a presidente Cristina Kirchner, em que voltam a pedir a declaração do estado de emergência e a abertura dos registros de exportação, entre outras demandas. "Esta situação de crise requer que sejam tomadas medidas urgentes e efetivas, que não subestime a realidade e resolvam em tempo os graves problemas que se apresentam", alerta Arturo Llavallol, presidente da Sociedade Rural Argentina (SRA).