Soja - Vendas da soja de MT aceleram com prêmios bons
Data:
26/01/2009
A comercialização de soja deu uma arrancada em janeiro no Mato Grosso, com os produtores aproveitando o câmbio e os prêmios favoráveis nos portos, além dos preços na bolsa de Chicago acima de US$ 10 por bushel, disseram corretores nesta sexta-feira. Temores relacionados a uma redução na safra da Argentina, onde a seca está afetando o desenvolvimento da cultura, também têm atraído compradores para o Brasil, segundo as fontes. Não bastassem esses fatores, com a colheita começando no principal Estado produtor do Brasil, os agricultores estão mais abertos a fechar negócios, com o objetivo de fazer caixa para pagar compromissos e preparar o plantio da safrinha de milho, num ambiente em que o crédito continua curto. "Até com o mercado (Chicago) em baixa de ontem houve negociação", disse Eduardo Godoi, da Agência Rural, em Cuiabá, por telefone. Ele afirmou que as negociações, depois de começarem lentamente na temporada 2008/09 em meio à crise e preços mais baixos em Chicago, estão em ritmo intenso no Estado e no vizinho Goiás, no Centro-Oeste, com as cotações mais altas agora. Até dezembro de 2008, a comercialização antecipada da safra havia atingido cerca de 30 por cento da colheita estimada, bem abaixo dos mais de 60% na mesma época de 2007. "Os preços estão firmes, os produtores com boa vontade de vender e os compradores com boas intenções", acrescentou Godoi. O analista explicou que com um dólar cerca de 50% mais valorizado frente ao real em relação aos valores mais baixos de 2008, as cotações da soja na moeda nacional estão bastante favoráveis. Em agosto, o câmbio chegou a R$ 1,56, contra atuais R$ 2,36. E os negócios têm andado porque os compradores estão aceitando realizá-los em reais, assumindo o risco da oscilação cambial. A cotação da soja em Sorriso, ao norte de Mato Grosso, e em Sapezal (oeste) está em torno de 40 reais por saca, mais de R$ 2 acima da média dos últimos 30 dias, segundo a consultoria AgraFNP. "Os negócios são para entregas mais próximas. Tem alguns negócios para janeiro", observou Godoi, referindo-se ao produto que acabou de ser colhido. As fontes preferiram não estimar os volumes comercializados em Mato Grosso nas últimas semanas. Com a soja acima de US$ 10 em Chicago, ainda abaixo do recorde acima de US$ 16 de meados do ano passado, mas em um patamar historicamente alto, os prêmios nos portos estão positivos, em meio a um câmbio favorável. "O prêmio positivo para março não é atípico nesta época", disse o coordenador do Centro-Grãos, João Birkhan, admitindo que está mais favorável do que em outros anos. No porto de Paranaguá (PR), para março, o prêmio está 37 centavos acima de Chicago. "O prêmio do farelo é que está muito bom", acrescentou Birkhan, à frente da corretora ligada à federação dos produtores de Mato Grosso. Segundo o Centro-Grãos, o Mato Grosso já colheu cerca de 500 mil t de uma safra estimada em cerca de 17 milhões de t. Os trabalhos devem se intensificar mais em fevereiro. Já o corretor Steve Cachia, da Cerealpar, no Paraná, afirmou que os negócios com a soja paranaense estão saindo, mas em menores volumes do que em Mato Grosso, que costuma liderar as vendas no Brasil e que colhe antes dos Estados do Sul. O Paraná chegou a ser atingido recentemente por uma seca que resultou em perdas, diferentemente do Mato Grosso, onde a safra está correndo relativamente bem. No Rio Grande do Sul, a seca também preocupou, mas as chuvas recentes estancaram os prejuízos, segundo a Emater-RS, do governo gaúcho.