Milho - Queda na produção de milho vai compensar a falta de armazéns no MT
Data:
30/01/2009
Estimativa de quebra é de 40%, até agora 5% das lavouras foram colhidas A queda de até 40% na produção de milho vai compensar a falta de armazéns que os produtores de Mato Grosso poderiam ter nesta safra. “Estávamos preocupados com a questão do armazenamento, mas vemos que ela não será tão séria porque a nossa produção vai cair drasticamente, compensando esta falta de espaços”, disse o presidente do Sindicato Rural de Tapurah, Marusan Ferreira Barbosa. Segundo ele, este ano os produtores tiveram dois problemas. “O primeiro foi a falta de crédito para plantio e os baixos preços do produto. Agora temos problemas de falta de chuvas em toda a região Norte do Estado, o que poderá provocar uma perda adicional na produção”, afirmou Marusan. Até agora, apenas 5% das lavouras da região foram colhidas. “A nossa estimativa é de quebra em torno de 40% na área do milho”. O município de Tapurah reduziu de 38 mil hectares para 23 mil hectares a área de plantio na safra 2008/09. De acordo com Marusan, por enquanto não existe nenhuma preocupação em relação a armazéns, “pois a nossa capacidade estática é suficiente para abrir a produção”. BRASIL – Em outras regiões do país, a forte desaceleração nas negociações de grãos em razão das baixas cotações, além de descapitalizar o produtor, poderá gerar no curto prazo problemas de ordem logística. O aumento no volume dos estoques de passagem irá esbarrar no déficit de capacidade estática do país que, em 2008, já atingiu 47,2 milhões de toneladas. Sem repetir o volume de exportação recorde registrado no ano passado, os produtores de milho estão entre os mais prejudicados. As cotações da commodity seguem em queda, pressionadas justamente pelos elevados estoques. De acordo com Lucilio Alves, pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a perspectiva é negativa já que no último trimestre de cada ano os embarques tendem a diminuir. "O volume exportado neste ano deve ficar expressivamente abaixo do observado em 2007", disse. No acumulado do ano os embarques de milho recuaram 51,1% em relação ao mesmo período de 2007. Em outubro, a retração nas vendas foi ainda mais acentuada: 78%. "Ao final de 2008, o Brasil terá um expressivo estoque de passagem, que poderá ser superior a 13 milhões de toneladas, o que corresponde a aproximadamente 70% do volume colhido na safrinha", destacou Odacir Klein, presidente executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho). Segundo ele, os estoques brasileiros estão concentrados na região Centro-Oeste, ocupando espaços de armazenagem que, no final do primeiro trimestre de 2009, terão que ser cedidos para a estocagem da safra de soja. CONAB - Este ano a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) já anunciou um pacote de investimentos para a construção de silos graneleiros. O projeto está em fase de licitação. Os novos complexos armazenadores, que terão um aporte de R$ 84 milhões, estarão distribuídos em estados estratégicos. Nas regiões Norte e Nordeste o volume dos armazéns não é suficiente para a colheita, enquanto no Sudeste sobra capacidade de armazenagem. Segundo um levantamento, ainda no primeiro semestre a capacidade estática de armazenagem de grãos existente no Brasil recuou de 126,1 milhões de toneladas em 2007, para 123,7 milhões de toneladas este ano. Esta capacidade é inferior em 18,7 milhões de toneladas a safra nacional de grãos de 2007/2008. O nível de capacidade estática de armazenagem considerado ideal é 20% superior à safra de grãos do país. Além de ser considerado uma atividade de apoio fundamental para as etapas de escoamento e comercialização, o armazenamento também pode garantir um preço maior ou menor do grão.