Ao contrário do cenário registrado no final do ano passado, a tendência agora é de melhora nos preços do milho, do trigo e do feijão. A elevação deve ocorrer, principalmente, devido às perdas na produção ocasionadas pela estiagem. Segundo o operador de mercado Carlos Boszczovski, da Target Invest (empresa de Londrina distribuidora de derivativos) o mercado indica preços bons para o milho plantado durante a safrinha. Ele pondera que os estoques estão altos, mas lembra que houve perdas de cerca de 30% nas lavouras do Paraná e do Rio Grande do Sul. Além disso, também houve quebra de 5 milhões de toneladas na Argentina. "A incidência do "La NiÀa" a partir de março pode provocar secas e geadas entre junho e julho e, por isso, poderá haver quebra na safrinha", diz o operador de mercado. Segundo ele, os preços já começaram a reagir e estão acima da média história, que ficou em R$ 20,50 nos últimos quatro anos. Os preços do trigo já apresentaram boa recuperação neste mês. As cotações que, no ano passado, atingiram mínimo de R$ 470 a tonelada, atualmente estão na casa dos R$ 550 a tonelada. "A última safra foi boa, mas houve perda da qualidade", diz Élcio Bento, analista de mercado da agência gaúcha Safras e Mercados. Na última safra o País colheu cerca de 3,9 milhões de toneladas do grão, contra 5,58 milhões de toneladas em 2007. Ele acrescenta que há demanda interna, uma vez que o Brasil consome anualmente 10,1 milhões de toneladas. Parte da demanda nacional é suprida pelo trigo argentino mas o problema é que o País colheu 8,5 milhões de toneladas a menos devido à estiagem. Desta forma, explica Bento, aquele país terá disponível apenas 3 milhões de toneladas do grão para comercializar no mercado externo. "O Brasil não é o único mercado para o trigo argentino", diz o analista de mercado. Uma outra opção é importar o grão de outros países do Mercosul: Paraguai e Uruguai ou da América do Norte: Estados Unidos e Canadá. Para Bento a tendência é de recuperação do preço do trigo, mas nada "muito exagerado".
Feijão A frustação da primeira safra de feijão - conhecido como feijão das águas - elevou os preços da cultura mantendo níveis compensatórios de rendimento. Na avaliação de Taurino Alexandrino Loiola, consultor autônomo com atuação na região de Wenceslau Braz (117 km ao sul de Jacarezinho), os produtores que colherem feijão até novembro devem conseguir bons preços. "Acreditamos que as lavouras podem alcançar rentabilidade de 30% sobre os custos de produção", diz. Na região, o custo de produção está estimado em R$ 5 mil por alqueire com produtividade estimada entre 80 a 100 sacas, sem prejuízos climáticos. Ele lembra que o ano passado foi o melhor ano para o feijão, quando a saca foi negociada por mais de R$ 200. Como os altos preços estimularam o plantio, a cotação caiu. No entanto, as perdas - provocadas pela soma entre estiagem e altas temperaturas - contribuíram para elevar a cotação da leguminosa.