Milho - Governo federal intervém e reduz preço do milho
Data:
30/01/2009
Os leilões de Prêmios para o Escoamento da Produção (Pep) de milho, suspensos há 15 dias pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) voltaram à tona, mas apenas em algumas regiões da Bahia. A exclusão dos outros estados brasileiros, em especial do Mato Grosso, da lista de beneficiários do instrumento deve estagnar não só os preços do cereal, mas também a comercialização. Ontem foram arrematados pouco mais de 85% das 50 mil toneladas oferecidas. A subvenção ficou restrita ao milho escoado da região de Barreiras e Luis Eduardo Magalhães, no oeste baiano, para o Norte, o restante do Nordeste, norte de Minas e Espírito Santo. Hoje a Conab leiloa prêmios para a indústria que se candidatar a escoar 30 mil toneladas de milho dos estoques federais, são os chamados Veps (Valor por Escoamento da produção). Instrumento estendido também ao mato Grosso, segundo João Paulo de Moraes, superintendente de operações da Conab. Moraes argumenta que apenas na Bahia o preço do milho estaria "abaixo do mínimo de garantia". O superintendente calcula que lá a saca do grão estaria sendo negociada a R$ 18. O preço mínimo pago pela saca é de R$ 19,02. O prêmio pelo escoamento varia de R$ 4,44 a R$ 1,38, dependendo da região. O instrumento de garantia de preço, agora exclusividade dos produtores baianos, foi responsável por quase toda a comercialização de milho em Mato Grosso nesse primeiro mês do ano. "O governo está apostando que o milho ainda estacionado nos estoques de Mato Grosso será exportado", acredita Leonardo Sologuren, da Céleres. O consultor avalia que a estratégia do governo foi "errada" uma vez que, ainda na semana passada, quando da suspensão temporária dos leilões, a cotação do milho reverteu a trajetória de alta percorrida ao longo de janeiro. "Com a entrada da safra de verão, a demanda é criada apenas pelos leilões de Pep, uma nova demanda só deve aparecer no segundo semestre", prevê Sologuren. Ainda de acordo com ele, estaria descartado um problema de abastecimento interno durante o primeiro semestre. A Céleres estima que o Sul do País vai deixar de colher quatro milhões de toneladas de milho em função da seca que ainda atinge a região. "O que ameniza essa quebra é o estoque de passagem superior a nove milhões de toneladas", calcula Sologuren. Cerca de 2% de todo o milho plantado já foi colhido. "Vendedor e comprador vão voltar a protagonizar uma queda de braços em Mato Grosso estimulando novo recuo nos preços", adverte o pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) Lucílio Alves. Segundo relatório dos portos brasileiros analisado pelo pesquisador, entre 800 mil e um milhão de toneladas de milho deixaram o País rumo ao mercado externo em janeiro. As exportações foram estimuladas principalmente pela taxa cambial. E a atração exercida até então pelos preços praticados no mercado doméstico não deve mais ser suficiente para conter os volumes embarcados.