Vinho - Clima causa quebra de 20% na safra de uva no Estado
Data:
03/02/2009
A safra de uva no Estado deverá ser até 20% menor em relação a 2008, de acordo com estimativas do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin). Enquanto no ano passado foram entregues às vinícolas gaúchas 634 milhões de quilos de uvas, em 2009 esse número deve ficar em torno dos 500 milhões. Essa redução foi causada pelo clima, que gerou grandes perdas nas uvas de ciclo precoce. "O frio em setembro e a chuva em outubro, justamente no período de brotação e floração, provocaram quedas de até 30% na Bordô", explica Ênio Todeschini, assistente-técnico em fruticultura da Emater Regional de Caxias do Sul. As uvas brancas também foram especialmente atingidas, com até 50% de perdas. No entanto, as variedades de ciclo médio e tardio se beneficiaram com o tempo quente e seco apresentado no final de 2008. "Além de pouca chuva e calor, tivemos um gradiente térmico (diferença de temperatura entre o dia e a noite) acentuado, o que fez acumular muito açúcar nas uvas", afirma Todeschini. Com isso, embora a quantidade colhida deva ser menor, a qualidade da safra de 2009 deverá ser uma das melhores dos últimos anos. A queda na produção não deixa de ser uma vantagem para os produtores de vinho, que sofrem com excesso de estoque do produto. "Temos mais de 100 milhões de litros de vinho em estoque excedente", afirma Hermes Zanetti, presidente da Câmara Setorial da Viticultura, Vinhos e Derivados. No total, as vinícolas do Estado possuem cerca de 300 milhões de litros estocados, volume pouco menor que a produção de todo o ano de 2008, que foi de 330 milhões. Para as entidades do setor, o grande responsável pelo excesso de estoque não foi uma queda no consumo, que se mantém estável, mas a substituição do vinho brasileiro pelos importados, causada pelo câmbio desfavorável dos últimos anos. "Atualmente, de cada dez garrafas de vinho consumidas no Brasil, apenas duas são de origem nacional", alerta Deunir Argenta, vice-presidente da União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra). Devido a essas dificuldades, a compra da safra de 2009 está causando apreensão entre as vinícolas, que esperavam diminuir o preço mínimo pago pela uva industrial para R$ 0,35 por quilo. No entanto, o Conselho Monetário Nacional (CMN) definiu no dia 29 de janeiro a manutenção do preço em R$ 0,46. Já os produtores de uvas defendem que a quantia seja de R$ 0,55 por quilo. "Esse é um valor que o mercado não está comportando", afirma Argenta. A posição das vinícolas é de processar o maior volume possível de uvas no momento, mas postergar a definição do preço, a fim de esperar o desenvolvimento do mercado. Outra expectativa das empresas para solucionar a crise causada pelo acúmulo de estoque é a realização de leilões da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), através do Prêmio pelo Escoamento da Produção (Pep), destinado aos interessados em distribuir a produção gaúcha entre os outros estados brasileiros. Atualmente, só as cooperativas podem receber os prêmios leiloados, mas esta regra pode ser modificada. "Informalmente soubemos que o governo federal quer mudar o regulamento, para permitir que empresas privadas também possam acessar estes instrumentos, desde que adquiram o produto de agricultores familiares", afirma o diretor-executivo do Ibravin, Carlos Paviani. As datas para os leilões de 2009 ainda não estão definidas, mas Paviani acredita que somente com a confirmação das novas políticas da Conab sobre os prêmios é que o clima estará mais favorável para acordos sobre a safra.
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A safra de uva no Estado deverá ser até 20% menor em relação a 2008, de acordo com estimativas do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin). Enquanto no ano passado foram entregues às vinícolas gaúchas 634 milhões de quilos de uvas, em 2009 esse número deve ficar em torno dos 500 milhões.