Cotações internacionais se recuperam com quebra de safra e ChinaUma combinação entre o consumo chinês e estimativas de quebras de safra provoca alta no preço da soja, com projeção de maior ganho para quem conseguir boa colheita. – Se continuar assim, o agricultor vai ganhar dinheiro, sem dúvida nenhuma – avalia Antônio Wünsch, presidente da Cooperativa Central Agroindustrial Noroeste (Coceagro). – O bushel da soja em Chicago havia caído a US$ 8 em outubro, mas no mês passado voltou a US$ 10 – destaca Leonardo Menezes, analista da consultoria Céleres. Em Três de Maio e em municípios vizinhos, relata Wünsch, os efeitos da estiagem já não preocupam tanto e, se continuar chovendo, a safra deverá ser boa. Com o preço da saca no início da semana, a rentabilidade no Estado chegou a 27%, calcula Tarcísio Minetto, consultor da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul (Fecoagro). – Se permanecer essa tendência positiva até o final da safra, poderá representar uma melhora para o produtor. Essa é a torcida – diz Minetto. Para garantir o ganho, Leandro Frizzo já negociou 25% da estimativa de produção. Em São Miguel da Missões, acompanha pela internet as variações da Bolsa de Chicago. No dia 26 de janeiro, quando o preço subiu, fechou em R$ 50 a saca de 60 quilos, para receber em 5 de maio. –Vendi a quantidade necessária para pagar os compromissos. Cinquenta reais é um excelente preço pelos custos que tive – explica. Para Minetto, há certo consenso de que o melhor é não comprometer antecipadamente mais de um terço da colheita projetada, tanto para evitar problemas com a entrega quanto para diluir o risco. Menezes confirma que o ritmo de antecipação está menor do que na safra anterior – ao redor de 30%, quando nessa época de 2008 chegava a mais de 50%. – Esse atraso na comercialização pode gerar uma pressão de baixa maior sobre os preços no momento da colheita – adverte Menezes, dizendo que foi a expectativa de produção menor ainda está sustentando os preços internacionais.
O que ajuda
NO EXTERIOR > China: em janeiro, o país comprou mais do que o esperado dos Estados Unidos. > Quebra de safra: problemas na Argentina, no Paraguai e no sul do Brasil elevaram o prêmio climático, que embute alta por temor de escassez. A estimativa de projeção de 114 milhões de toneladas, entre os três países, já foi reduzida para 103 milhões. > Fundos: responsáveis pelo pico de preços de meados de 2008 e afugentados pela crise, investidores voltaram a atuar.
NO BRASIL > Preço em Chicago: está bem acima de meados de dezembro do ano passado. > Prêmio no porto: sobe com escassez e desce com volume. No momento, está alto. > Câmbio: a soja brasileira está competitiva no mercado externo. São necessários menos dólares para ganhar bem.