A forte estiagem que atingiu o Brasil e a Argentina nos últimos meses provocou uma queda de mais de 9 milhões de toneladas na expectativa de produção mundial da soja. No relatório divulgado ontem pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda, sigla em inglês), a projeção mundial recuou de 233 milhões de toneladas para 224 milhões de toneladas na comparação com o relatório do mês anterior. Ainda assim, na comparação com a safra anterior, o crescimento será de 1,4%. O pior cenário foi registrado no país vizinho, onde houve uma redução de 5,7 milhões de toneladas na safra da oleaginosa, passando de 49,5 para 43,8 milhões de toneladas. No Brasil, que também foi fortemente castigado pela estiagem, a produção recuou de 59 para 57 milhões de toneladas na comparação com janeiro. Para analistas, a redução já era esperada e não houve nenhuma mudança significativa nas previsões. Mesmo com os problemas na soja, a produção mundial de grãos continua com previsão de crescimento neste ano-safra. Segundo o Usda, a previsão é que sejam colhidos 2,22 milhões de toneladas de grãos, alta de 4,7% em relação à safra 2007/08. O trigo teve o maior aumento na produção na comparação com as outras commodities, subindo 11,7%, para 682,7 milhões de toneladas. Os estoques finais devem saltar 25%, para 149,9 milhões de toneladas. Élcio Bento, analista da Safras & Mercado, revela que a principal novidade do trigo na comparação com o relatório anterior também ficou com a Argentina, que teve a produção corrigida para 8,4 milhões de toneladas, queda de 13%. "Por outro lado, houve aumento de um milhão de toneladas na produção da ex-URSS", completa. Os papéis da commodity para maio fecharam em US$ 5,69 o bushel, recuo de 1,5%. Com relação à soja, Glauco Monte, analista da FCStone, revela que o governo americano já havia liberado um relatório na semana passada, que previa a queda na produção argentina. "Na China, que é o maior consumidor mundial, não houve redução significativa da demanda. Foi um relatório relativamente neutro". Ele conta que prova disso foi a queda registrada no mercado de commodities, onde o complexo soja caiu por causa do mau humor dos investidores no mercado financeiro. Os contratos com entrega para maio fecharam em US$ 10,0025 o bushel, queda de 0,7%.