Soja - Ganho do produtor mato-grossense com a soja oscilará entre 5% e 10%
Data:
11/02/2009
O ganho do produtor mato-grossense com a queda da produção mundial de soja anunciada ontem pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda) deverá oscilar entre 5% e 10% na safra deste ano. A previsão é do consultor técnico e econômico da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado (Famato), Luciano Gonçalves. “Este ganho de preços vai permitir ao produtor um alívio após o pior da turbulência com a crise internacional, mas não resolverá o problema da falta de renda e crédito no campo”, disse, lembrando que “há poucos dias, tínhamos um cenário de margem zero ou negativa. Com esta provável recuperação, o produtor começa a pensar em margem positiva”. O superintendente do Instituto Mato-grossense de Economia Agrícola (Imea), Seneri Paludo, diz que a notícia da quebra da safra mundial deixa o produtor mais animado. “Com a menor oferta de produto no mundo, teremos melhor preço no mercado interno, melhorando o cenário para o produtor”. Ele acredita que esta melhora será sentida “após o período da colheita, a partir de abril”. De acordo com analistas do mercado, os produtores devem vender a saca a valores que, se não chegam ao recorde de 2008, recuperam parte da queda após o agravamento da crise internacional. No ano passado, de acordo com o Imea, a melhor cotação da soja registrada na Bolsa de Chicago foi de US$ 16 bushel. Para este ano, o forte consumo chinês, a volta dos investimentos em commodities no mercado internacional e a perspectiva de seca fazem os produtores preverem que o bushel possa bater os US$ 12,50 no meio da colheita. “A crise no cenário mundial veio num momento em que a produção de soja estava baseada em fundamentos de oferta e demanda. Nesse momento, a queda na produção vai fazer com que o produtor de Mato Grosso colha resultados mais positivos em termos de formação de preços”, diz o consultor da Famato, Luciano Gonçalves. Segundo ele, este ano os produtores tiveram uma lavoura de custos elevados, porém o clima favoreceu, as lavouras têm demonstrado bons resultados em termos de produtividade e os preços da commodity estão demonstrando reação. “Caminhamos para um cenário positivo após momentos de turbulência que enfrentamos nos últimos meses”. Na avaliação do consultor da Famato, o mercado começa a desenhar um cenário mais positivo para o produtor, indicando ganhos principalmente em função da expectativa de um preço melhor para a oleaginosa devido à voracidade do mercado chinês, que deverá comprar 18% do grão exportado em 2009, segundo previsão do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda). O órgão também identificou que a demanda no mundo baterá um novo recorde: devem ser consumidas 232 milhões de toneladas da safra 2008/2009, ante as 229,96 milhões de toneladas de 2007/2008. Os analistas acreditam também que as vendas do produto este ano serão diferenciadas. Enquanto em outras safras até 60% da produção mato-grossense era vendida antecipadamente, as negociações no mercado futuro atualmente estão muito lentas, em torno de 40%. Com isso, estima-se que a maior parte das transações se beneficiará de um preço maior na Bolsa de Chicago. Para a analista da AgRural Commodities Agrícolas Daniele Siqueira, o os preços não devem chegar aos patamares históricos do ano passado e podem compensar no geral. “Mas, isoladamente, quem tiver perdas na produção pode não cobri-las com a venda”, lembra ela.