Safra - Colheita no Sul e plantio no Norte derrubam as cotações em Chicago
Data:
26/02/2009
À espera de uma definição sobre a colheita sul-americana e o plantio norte-americano, o mercado da soja e do milho opera com tendência de baixa na Bolsa de Chicago. Desde o dia 10 de fevereiro, soja e milho caíram quase que ininterruptamente, perdendo entre 11,7% (soja) e 3,6% (milho) de seu valor. Para a baixa, pesou, principalmente, o retorno das chuvas ao cinturão de produção argentino. No início da semana, os dois grãos subiram, mas a soja voltou a recuar ontem. Agora, o mercado aguarda a divulgação dos primeiros números sobre a intenção de plantio norte-americana. Hoje, durante seu Outlook Forum, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) anuncia, ainda com números preliminares, o que os produtores norte-americanos pretendem fazer na próxima temporada (2009/10), que começa a ser semeada no país em abril. O tamanho da área que os EUA irão destinar à soja e ao milho é que será a principal bússola das cotações nos próximos meses. O relatório inicial do USDA, que será divulgado durante o fórum, deve apontar crescimento da área de soja norte-americana. Para Alvaro Ancêde, corretor brasileiro que opera nos EUA há mais de 30 anos, a oleaginosa irá ganhar entre 800 mil e 1,6 milhão de hectares na temporada 2009/10. O aumento deve acontecer principalmente em cima do milho. No ciclo passado, os EUA cultivaram 26,3 milhões de hectares com soja e outros 34,8 milhões de hectares com milho. “O consumo de milho para alimentação humana e animal e para produção de etanol está em queda. Os EUA terão que reduzir o plantio”, afirma Ancêde. No caso da soja, explica, os estoques de passagem norte-americanos são apertados. “Além disso, a quebra sul-americana afeta o balanço mundial de oferta e demanda. Hoje, a produção de soja da América do Sul é 50% superior à dos EUA”, diz o corretor. Além da demanda retraída, os custos de produção mais elevados também pesam contra o milho, concorda o diretor da área de commodities da Bolsa de Chicago (CBOT) David Lehman. Por outro lado, a relação de preço entre os dois grãos não é favorável à soja, pondera. “Considerando esses e outros fatores, acredito que a área de milho não mudará muito com relação ao ano passado”, avalia Lehman. No mercado, contudo, há quem acredite em um crescimento de até 3,2 milhões de hectares na área de soja e em redução no milho. Se isso acontecer, a produção norte-americana da oleaginosa aumentaria mais de 8 milhões, para algo em torno de 88 milhões de toneladas, uma safra ainda maior que o recorde da temporada 2006/07, quando os EUA colheram 87 milhões de toneladas. Já o milho perderia cerca de 30 milhões de toneladas, e os EUA teriam sua menor colheita do cereal desde o ciclo 2004/05.